Foram 111 minutos em que olhei embevecida para o ecrã e me deixei levar.
Polémicas à parte. Totalmente alheia aos aspectos que, infelizmente, fazem com que tanto se fale de Michael Jackson desde a sua morte.
Fui ver o filme ontem, porque ele morreu, mas afirmo com toda a certeza de que o compraria, daqui a uns largos meses, quando saísse em DVD, sobre a forma de "Making Of" dos espectáculos agendados para Julho passado.
O que Mr. Jackson tinha preparado para Nós, os fãs, era simplesmente genial.
Os meus olhos ficaram rasos de lágrimas nos momentos em que me emocionei perante tamanho talento. É o talento daquele homem que me comove. Sempre foi. Desde que me conheço como gente, e já aqui o referi, que Michael Jackson é "A" referência musical da minha vida.
Nascida numa família de músicos, o fenómeno M.J sempre foi comentado e admirado pela qualidade musical do mesmo, pelo perfeccionismo de cada compasso, pela força da guitarra baixo, pela quantidade de watts em cada concerto, pelos efeitos especiais nunca dantes vistos, pela produção das baterias e percussões com a boca (o que hoje se banalizou como beatbox, já ele fazia nos anos 80), gravando as baterias com sons que produzia com a boca e que eram religiosamente guardadas em bobines e depois em cofres arrefecidos para não perderem um milésimo de qualidade. Os restantes instrumentos somavam-se noutras pistas à parte, a réplicas dessas baterias, e só no master final é que se ia buscar a informação inicial.
O resto nunca interessou. Absolutamente nada. E hoje continua sem interessar.
Depois de ontem paira no meu pensamento algo que normalmente se pensa quando perdemos alguém muito querido: Incredibilidade.
Acho que, tal como eu, muita gente saiu e sairá das salas de cinema a pensar: "Ele morreu mesmo?!"
E muitos questionar-se-ão devido a, mais uma vez, polémicas que envolvem a vida pessoal de M.J, e que, mais uma vez, não me interessa nada.
Quando pergunto se ele terá, de facto morrido, faço-o de forma ingénua e consciente do facto de que a admiração que sinto por aquele músico superdotado, por aquele artista único e de um perfeccionismo atroz, pelo dançarino de estilo incomparável, pelo excelente produtor, pelo humanitário incansável, não me permite conceber a ideia de que ele simplesmente já não existe.
E de facto isso não faz sentido. Porque ele continua a existir. A obra que deixou existirá e será relembrada, perpetuada, usada, abusada, e repetida por muitos mais anos do que aqueles que eu vou existir. Ele continua a existir tanto quanto existia antes, para mim.
A ironia do nome escolhido para os últimos concertos de M.J, que o próprio definiu como "The final curtain call", acaba por ser o oposto daquilo que, nem a própria morte conseguiu alcançar.
This wasn't it, Mr. Jackson... and it will never be.
Rest in peace, M.J - The King of Pop