segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O discurso da noite

Este:


Ridículo que ainda tenhamos de levantar a voz para exigir que mulheres recebam o mesmo que homens. Ridículo, mas se assim formos ouvidas, pois que seja.



O Oscar da noite

Para mim foi este.




J.K Simmons em Whiplash. Simplesmente brilhante. 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Nova postagem

Não vinha ao blogue há quase 5 meses. Fartei-me. Do meu e dos outros. A blogosfera é um espaço que cada vez menos frequento. Espreito, pelos ossos do ofício, quando me dizem "já viste o post que X escreveu sobre Y?", ou por gostar e conhecer pessoalmente quem está por trás de 4 ou 5 blogues nacionais e saber o trabalho e dedicação que depositam em cada post. Não me identifico com este novo conceito do "toda a gente tem alguma coisa a dizer seja sobre o que for", e "toda a gente tem um blogue para receber mimos das marcas", e "toda a gente é stylist, makeup artist e anda com um fotógrafo atrás para mostrarem as fotos do look do dia e dos locais trendy que frequentam." Não critico, é um género, mas não é o meu. E como quando criei este espacinho, há sete anos e meio atrás, estava longe de imaginar no que isto se ia tornar, senti que deixou de ser a minha praia e de me fazer sentido.
Não estou a ser totalmente sincera. Na verdade, também a necessidade de escrever e partilhar aquilo que me ia na alma começou a ser cada vez menor. Nunca escrevi para que me lessem, para ter comentários, seguidores ou visualizações. Se de alguma forma aquilo que eu escrevia tocava em alguém, melhor, era um bónus, era fantástico saber que acrescentei alguma coisa a quem me lia. Mas nunca o fiz com essa pretensão. Sempre escrevi para mim. Num ato assumido de egocentrismo (daí o nome do blogue), e de pura descarga emocional, para me compreender melhor, para me expressar melhor, para conseguir encaixar as peças que não me faziam sentido na oralidade. Depois de escritas e lidas por mim, as palavras passavam a fazer sentido. Este blogue foi a minha grande companhia na altura mais difícil da minha vida. Foi a minha terapia. A minha metamorfose e ferramenta essencial para me "despir" de tudo o que conhecia até então, reconstruir e aceitar quem era, com todos os meus defeitos e fragilidades que aqui, conseguia assumir. Hoje mesmo, ao regressar a este espaço, a primeira coisa que fiz foi voltar atrás. Procurar posts que escrevi há 4 ou 5 anos. Procurar a pessoa que era então. E poder encontrar essa pessoa, através das minhas palavras, é, à falta de melhor palavra, priceless. Não há presentes, mimos, vouchers, parcerias, comentários, visualizações ou publicidade que o paguem. Foram muitas as vezes em que, por sentir que já não me apetecia escrever, por achar que não tinha nada a acrescentar, por não saber se fazia sentido continuar na mesma linha de partilha, achei que devia simplesmente terminar com o blogue. Mas acabei sempre por deixá-lo estar, como uma casa abandonada, repleta de memórias que sabem bem ser relembradas quando volto a este cantinho.
Vou tentar voltar mais vezes. Vou tentar abstrair da "selva" que este universo se tornou e escrever pelo prazer. Pela simples vontade de. Porque entre a pessoa que fui durante todo o tempo em que escrevi assiduamente e a que hoje sou há um "vazio" que ficou aqui por preencher. Porque daqui a 7 anos quero olhar para trás e ler nas minhas palavras quem era e de como era a minha vida em fevereiro de 2015.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

"Amals" que vêm por bem

 
 
 
Porque estas coisas dos casamentos ainda me batem forte cá dentro, ver um Clooney de aliança é coisa que me deixa com aquela sensação de "Ah-ah! Cá está a prova de que quando eles gostam a sério a coisa dá-se!".
Não que a coisa não se dê também quando eles não gostam a sério, que há muito casal por aí a contrair matrimónio pelas razões erradas... mas esse é um tema que fica para outro post.
Nunca fui daquelas fãs de suspirar pelo George. Acho-o um dos atores mais charmosos de Hollywood, e aos 53 anos continua com ar de puto rebelde, que todas as ex achavam imensa graça mas no fundo queriam mudar e dizer "Fui EU que domei o Clooney!"... Mas ia-se a ver e não. Namoradeiro sempre foi, mas casou uma vez, não correu bem, e deixou-se estar a aproveitar a vida, e fez muito bem. Como ele há tantos homens por aí que não querem, não precisam, não sentem vontade de casar. As motivações? Diversas. Mas a principal, sem dúvida nenhuma, e por mais voltas que dêem é: "Não querem casar.... CONTIGO!"... (E agora até cantarolei a música do Enrique Inglesias e tudo...).
E não, não digo isto de barriga cheia porque ah e tal já me casei, tenho um homem que me quis prá vida, posso mandar bitaites à vontade... Nada disso. Sempre defendi a teoria do "Ele não está assim tão interessado". Custa horrores para o ego, mas é bem melhor do que andarmos feitas baratas tontas a escrever enredos de novelas mexicanas para justificar o facto de ele não ligar de volta, não ter tempo, não querer assumir um namoro, não querer ir morar junto, não falar em futuro, e, eventualmente não querer casar. Seja qual for a situação, quando as coisas não correm pela ordem natural num relacionamento, vale mais preparar o ego para a pancada mas assumir que se calhar ele não gosta assim tanto, do que mandar areia para os olhos ad aeternum e viver numa mentira na qual só nós acreditamos.
Clooney, o eterno solteirão de Hollywood, é a prova disso. Não quis casar com uma, nem com duas, nem com resmas de mulherões com quem se pavoneou para tudo quanto era lado... Até que encontrou "a tal". A tal Amal com quem quis, finalmente, casar.
Acredito em histórias como esta, acredito que há "Amals que vêm por bem" e que mostram que não havia mal nenhum nem em nós, nem em quem passou pela nossa vida. Simplesmente não era para ser. E acredito quando o George diz "It feels pretty damn great!", porque independentemente das voltas que a vida possa dar, estar casado com a pessoa que realmente amamos, aquela que escolhemos em detrimento de todas as outras, é mesmo MUITO BOM!!! :)


domingo, 7 de setembro de 2014

Sete

É visto como um número místico e mágico, presente na filosofia, literatura e astrologia como símbolo da transformação e de passagem do conhecido para o desconhecido. Mito ou não, a verdade é que muitas são as coincidências em torno deste número: São 7 as notas musicais, foram 7 as pragas do Egito, são 7 os Arcanjos, são 7 as obras de misericórdia. 7 são os níveis de densidade da matéria que nos envolve. O arco-íris tem 7 cores. As nossas células mudam de 7 em 7 anos. Temos 7 glândulas endócrinas. São 7 os nossos chacras, e até os dias da semana que marcam as nossas rotinas são 7. Muitas são as ciências (mais ou menos exatas) que defendem que a cada 7 anos vivemos o final de um ciclo e o início de outro. Ciências e mitos à parte, dei por mim a fazer um balanço e a verdade é que a minha vida foi, de facto, pautada por ciclos de aproximadamente 7 anos, onde consigo identificar claramente os momentos que marcaram e mudaram radicalmente o meu percurso. Até aos 7 anos vivi uma infância incrivelmente feliz, no seio de uma família coesa, filha única, com 4 avós. Aos 7 anos e meio nasceu o meu irmão e 2 anos depois a minha irmã. Passados 3 anos faleceu a minha avó materna e 28 dias depois o meu avô materno. Aos 14 os meus pais divorciaram-se, e entre os 14 e os 23 fui o braço direito da minha mãe, houve um distanciamento marcante da minha parte em relação ao meu pai, acompanhei o crescimento dos meus irmãos quase como se fossem filhos, terminei o liceu e vim morar para Lisboa, mas na verdade nunca cortei o cordão umbilical com a minha casa, nem aceitei que a minha vida teria de mudar com a vinda para a faculdade. Aos 20 o meu avô paterno, uma enorme referência para mim, faleceu subitamente. E aos 23 perdi a minha Mãe. Faz hoje 7 anos. No dia 7 de SETEmbro de 2007, às 19:03h. Foi nesse ano, pouco tempo depois, que decidi dar vida a este blogue e começar a escrever para aliviar a dor, a mágoa, a tristeza, o vazio, e a saudade, para partilhar o que me ia na alma. Sete anos depois a dor, a mágoa, a tristeza, o vazio e a saudade são exatamente os mesmos. O tempo não cura tudo, e quem diz isto por não saber o que dizer em certas circunstâncias, é melhor não dizer nada. O tempo só aumenta a saudade, e serve de placebo para a dor. Desde 2007 passei anos de profunda tristeza e de me sentir completamente perdida. De não saber quem era, o que queria fazer da minha vida, como ia ter forças para construir o quer que fosse sem a única pessoa que toda a vida sempre esteve lá para mim. Como saber que era capaz se ela não estava cá para mo dizer? Como viver uma alegria, como sorrir genuinamente, se a dor era tão grande? Como distinguir o certo do errado se sempre tive o olhar dela para me guiar? Depois percebi que mesmo não querendo, mesmo não sabendo como fazer isso para mim, teria de o saber fazer para os meus irmãos, que precisavam desse olhar, desse amparo, dessas palavras de confiança e coragem. E, por eles, mais do que por mim, comecei aos poucos a tentar construir um caminho, fosse qual fosse. Três anos depois conheci o João, e foi ele quem me fez, realmente, dar um rumo à minha vida. Foi por ele, mais uma vez mais por ele do que por mim, que voltei a ganhar coragem, brio e ambição. Delinear objetivos e obrigar-me a cumpri-los. Foi graças a ele que quando quase voltei a querer desistir, ganhei forças extra para continuar a lutar e não deixar de acreditar que os meus sonhos se podiam realizar. Um ano depois estava a trabalhar, a fazer aquilo com que sempre sonhei, a aprender, a evoluir, a ganhar confiança, conhecimento, a perder os medos, a baixar a guarda, a sair da zona de conforto, a evoluir enquanto mulher e profissional. Entrei como estagiária, passei a jornalista junior, depois senior, e Coordenadora de redação. Consegui superar-me. Deixei de sentir necessidade de provar aos outros que conseguia e a viver com a certeza de que o importante era eu saber que conseguia. Aproximei-me do meu pai. Desculpei-o e desculpei-me. Aos 30 anos, após 4 de namoro, de morarmos juntos desde praticamente o início, de termos crescido juntos, viajado juntos, revelado o melhor e pior um do outro, de sentirmos dúvidas e receios, de chegarmos a certezas, fui pedida em casamento. Casei-me. A minha Mãe esteve lá. Não só no sentido espiritual, mas em homenagem e no olhar de cada pessoa que a conheceu, e também de quem nunca a viu mas partilhou daquele momento mágico como se tivesse conhecido. Esteve na flor do meu bouquet, esteve quando me vi ao espelho e sorri, quando o meu irmão me sussurou ao ouvido "Estás tão parecida com a Mãe...", quando chorei de profunda tristeza por não a ter a compor-me o vestido, a enxugar as lágrimas de alegria, de braço dado com o meu pai, o amor da sua vida, que nesse dia certamente sentiu tanto ou mais a falta dela quanto eu. Esteve (e está) na forma mais simbólica, no meu anelar esquerdo, na aliança de casamento que era dela, que é exatamente do meu tamanho, cujo nome gravado por dentro permanece igual, porque até o nome do meu pai e do meu marido é o mesmo, apenas alterei a data. Esteve e está todos os dias da minha vida, quando acordo e adormeço e olho para a fotografia dela na minha mesinha de cabeceira. Está em mim, na mulher que hoje sou, em que me tornei. Está nos meus irmãos, no orgulho desmedido que sinto ao ver os seres incríveis que eles são. Hoje passam 7 anos desde o dia em que lhe toquei no rosto pela última vez e lhe segredei ao ouvido: "Obrigada por tudo, és a melhor Mãe do mundo." E hoje sei que este ano faz parte daqueles de transformação e mudança. Sinto claramente que foi um ano de terminar um ciclo e iniciar outro. Não sei se este blogue fará parte desta nova etapa, se poderá, também ele sofrer uma mudança, mas sei o quanto devo a este espaço, a esta forma de não me esquecer de quem eu sou, do que gosto realmente na vida, de projetar para o universo os meus desejos, e ter a imensa sorte de que, a seu tempo, eles acabem por se materializar. Hoje é um dia triste mas eu estou feliz e sei que ela também está por mim.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Sou uma mulher casada

Há 25 dias que o meu estado civil mudou. E com ele o estado de espírito, o estado de nervos, o estado de alma e de coração.
Qualquer tentativa que faça para descrever o dia do meu casamento ficará sempre aquém daquilo que senti. Já aqui o escrevi muitas vezes: casar nunca foi o meu sonho, até ao dia em que passou a ser. Mas nunca, nunca mesmo, sonhei que pudesse ser tão bom e que me fizesse tão feliz.
Não foi a festa, não foi a cerimónia, não foi a pompa e circunstância. Mas foi a circunstância em si. Foi o dia mais feliz da minha vida. E foi o dia em que me lembraram que, apesar de tudo, já antes tinha sido muito feliz. Foi o dia em que reuni, no mesmo espaço, as pessoas mais importantes da minha vida, que me acompanharam desde sempre, que melhor me conhecem, que melhor me querem. Foi o dia em que olhei no fundo dos olhos da pessoa com quem partilho a minha vida há 4 anos, e assumi, com maior responsabilidade, maturidade e do fundo do coração, o meu desejo de ser feliz ao lado dele e de o fazer feliz, todos os dias, sem exceção. Foi o dia em que recebi abraços tão sentidos, partilhei lágrimas tão profundas, ouvi gargalhadas tão sonoras e senti uma energia tão positiva em torno de mim e do agora meu marido, e da união que celebrámos. Foi o dia em que dancei com o meu pai. Foi o dia em que vi imagens da minha mãe em vídeo. Não foram fotos, foram imagens, com movimento, com olhares de cumplicidade, e esboçar de sorrisos. Foi o dia em que percebi que estou, realmente, muito parecida com ela, e que orgulho que isso é! Foi o dia em que o meu pai cantou para mim. E eu cantei para ele e para os meus amigos. Foi o dia em que tive os meus irmãos, cada um do meu lado, quais guardiões da minha felicidade. Foi o dia em que o meu marido me surpreendeu, uma vez mais, e da melhor forma possível. Foi o dia em que dancei o "Pretty Woman" com a minha avó e a vi a dançar na pista até às 2h, sem querer ir embora. Foi o dia em que o meu bouquet, que tinha uma gerbera, a flor preferida da minha mãe, foi parar às mãos de uma das minhas madrinhas, que adorava a minha mãe, e que também tem como flor preferida a gerbera. Foi o dia em que não consegui comer nem beber... quase nem respirar, porque a emoção era de tal ordem que sentia que a qualquer momento ia explodir! E explodi... num misto de felicidade desmedida e de tristeza por ser tudo tão lindo, tão bom, e a minha mãe não estar ali para ver. O dia em que passaram as músicas que mais marcaram a minha vida, e que ficaram na memória de todos os que testemunharam cada momento especial que preparámos com tanto carinho.
Foi arrebatador e brutal... um choque de adrenalina e emoção. Um conjugar de milhares de fatores que me fazem olhar para trás e pensar que passou à velocidade da luz, que queria tanto poder viver tudo de novo, agora com mais tranquilidade, agora que já sei como é, agora que a ansiedade que me consumiu já se foi...
Repito: foi o dia mais feliz da minha vida.
Paira agora uma nostalgia comum a tudo quanto é bom, e que deixa sempre um vazio, um sentimento de "soube-me a pouco", ainda que tenha sido tanto!
Quando me perguntam "que tal é a vida de casada?", respondo sempre: "Maravilhosa!". Ou "Não muda nada, pois não?", lamento discordar mas muda sim. Para mim mudou. Muda a forma como encaras o outro e a relação. Ainda que tenhamos voltado no dia seguinte para a mesma casa que já partilhávamos há anos, ainda que após a lua de mel a rotina seja a mesma, ainda que nenhuma mudança física e prática tenha acontecido no nosso caso, há uma mudança estrutural. Os alicerces ficam mais fortes, a relação mais firme, as certezas mais certas. No meu caso a forma como olho para o João mudou muito. Não pela aliança que agora usa (com orgulho e vaidade) na mão esquerda. Mas pelo companheiro incansável que ele foi ao longo destes meses de preparativos, do homem incrível que se revelou durante o dia, tomando as rédeas de tudo e deixando-me desfrutar ao máximo, e fazendo com que me sentisse literalmente uma princesa. Pela maneira tão genuína como viveu cada momento de alegria, rindo e chorando ao meu lado. Nunca imaginei ter uma pessoa que me completasse desta forma, me compreendesse desta forma e me quisesse tão bem...
Sempre disse que se casasse teria de estar verdadeiramente apaixonada, e assim foi. Mesmo com 4 anos de namoro, mesmo com altos e baixos, mesmo com certas dúvidas que podem assombrar o pensamento em várias fases desse namoro, casei completamente apaixonada pelo meu melhor amigo, pelo homem que me conquistou, arrebatou, me faz sentir borboletas e frio na barriga, saudades incríveis quando não estamos juntos, e rir muito, por tudo e por nada... o homem que me fez acreditar que os sonhos se podem, de facto, realizar.
Amo-te muito, meu marido.
Obrigada por tudo!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Diário da noiva #2: Faltam 10 dias

Pensei (e gostava) de ter escrito mais aqui sobre esta fase do noivado, desde o pedido até ao grande dia, que está quase a chegar.
Achava que ia ter tempo para partilhar o passo a passo, o que senti ao experimentar vestidos, porque vou casar naquele lugar, quem escolhi para madrinhas, como foi organizar toda a festa do zero, etc. Mas o tempo passou a voar, e isto não é cliché, passou mesmo. Faltam 10 dias. Dez. Visto de fora é um "está quase, mas ainda dá para muita coisa, calma!" (é aquilo que mais oiço). Mas por dentro, 10 dias é praticamente o tempo de um fósforo arder. Tem sido assim, em velocidade de cruzeiro. Tão rápido que dou por mim a obrigar-me a parar, e fazer algumas coisas em câmera lenta, com receio de não estar a desfrutar ao máximo cada instante.
Este fim de semana foi a minha despedida de solteira. Aquela que eu sempre disse que iria ser no Rio do Janeiro, a cidade maravilhosa do meu coração. E que sempre disse que seria eu a organizar. E que sempre achei que ia ser de uma forma qualquer (que nem sei bem qual seria, mas que já tinha idealizado na cabeça). Pois bem, tal como muito do que foi acontecendo ao longo destes meses, uma coisa é aquilo que idealizamos, outra é aquilo que acabamos por fazer, querer e sentir.
Obviamente que não fui para o Rio de Janeiro (não fazia ideia de quanto custava um casamento quando tinha esses pensamentos...), e acabei por delegar nas madrinhas tudo o que tivesse a ver com a despedida. Apenas indiquei quem gostaria que fosse, proibi existência de strippers (não por ser pudica mas porque me causam vergonha alheia) e pilinhas na cabeça. De resto tudo bem.
Não vou adiantar pormenores (obviamente!), mas respeitaram os meus pedidos, e, ao contrário do que também tinha idealizado, mais do que uma festa com amigas, onde bebemos uns copos, ficamos alegres, dizemos e fazemos tolices porque "ah e tal é a tua despedida e solta a franga se não até parece que estás a fazer frete", foi um momento que vou guardar para sempre por toda a carga emocional que teve.
Preparar toda a logística de um casamento não é fácil. Prepararmo-nos psicologicamente para o facto de que vamos casar (mesmo quando já se namora e vive junto há anos) também é um processo que vai acontecendo com o tempo. A ficha vai caindo. No início é um anel no dedo, um vestido para escolher e uma festa para organizar. É simples! Com o passar do tempo (que passa rápido!) é bem mais do que isso. É a minha vida a mudar. Sou eu a crescer. A dar um passo, o maior de todos, na minha vida. É o fim de uma etapa. O início de uma nova, onde aparentemente nada muda, mas por dentro muda tudo! É saber que naquele dia vou reunir as pessoas mais importantes da minha vida num só espaço, algumas que não vejo há anos, mas que fazem parte da minha história, de quem sou, de quem fui, de como cresci. É saber que a partir daquele dia não pertenço ao meu marido mas sou parte dele, e ele é parte de mim... ainda mais. Ainda mais a sério. Ainda mais real. É o NOSSO dia. E a minha despedida fez-me sentir um pouco disso, fez-me cair a ficha, descer ao chão e perceber que isto é sobre MIM. Que as pessoas estão felizes por MIM. Estavam ali por MIM. Estão a partilhar da MINHA felicidade, do MEU momento. Deram-me colo, mimo, atenção, fizeram-me sentir verdadeiramente especial, relembraram-me as qualidades que sei que tenho, mas que poderiam não ser reconhecidas. Recordaram histórias de que me lembro tão bem, mas que elas já podiam ter esquecido. Mostraram que eu sou importante para elas como elas são para mim. E é uma sensação tão boa! Parece estranho, mas a verdade é que não há muitas pessoas que possam dizer que têm amigas desde os 4 ou 8 anos e que aos 30, e mesmo estando longe, mesmo com o passar dos anos e de tomados rumos diferentes, a amizade permaneça intacta e genuína. É preciso ser, realmente, Amiga.
Posso partilhar que uma das prendas que mais mexeu comigo foi um livrinho com testemunhos de cada uma dessas amigas, as que estavam presentes na despedida e as que não puderam ir, com textos para e sobre mim, e com fotos, algumas de há 20 anos! Encheram-me o coração, preencheram um pouco do vazio que por estes dias é ainda maior, deram-me amor, amizade, carinho, respeito, dedicação... encheram-me a alma e o espírito de boas energias e uma vontade ainda maior de viver ao máximo tudo o que falta e claro, desfrutar de cada segundo do dia, onde vou conseguir reuni-las a todas (ou quase) outra vez.
Faltam 10 dias, há coisas por tratar, decisões a tomar, tarefas a executar. Mas estou mais tranquila, mais serena, ainda mais feliz... porque o que realmente importa está tratado: vou estar rodeada de Amor. Muito Amor.
Obrigada por tudo, do fundo do coração.