Quem não gosta de dar uma espreitadela na vida alheia? Quem não gosta de saber um ou dois podres daqueles que nos fazem dizer "Não acredito!!!" mas estamos mortinhos para acreditar e que seja mesmo verdade para nos podermos rir da desgraça alheia? Quem não tem uma veiazinha, ou uma artéria nalguns casos, ou total irrigação ao corpo inteiro, de cuscuvelhice que precisa de ser alimentada??
Pois bem... "O Momento da Verdade" é tudo isso e muito mais. Não só expõe a vida de quem se sujeita a sentar naquela cadeirinha, como de toda a sua família, amigos e colegas de trabalho. E basicamente quando falamos em expor, salvo uma ou duas perguntas em 25, em que os concorrentes lá revelam algo de bom (que não é mais do que o esperado...), tudo o resto é uma lavagem de roupa suja, uma confissão sem culpa de uma série de comportamentos, pensamentos, actos e sentimentos moralmente reprováveis.
Começo por dizer que estou fã do programa, pois estou, porque não sou hipócrita, nem venho para aqui criticar sem ter visto, ou muito menos criticar para depois me colar ao ecrã à espera do próxima degradação pública da imagem de outrém.
Mas aqui é que vem o buzílis da questão: o que a mim me agrada no programa, não é ficar a saber os podres do senhor merceeiro de Gondomar que bate na mulher e rouba dinheiro aos seus clientes, ou do rapaz que tem a namorada e lhe foi infiel 7869862358 vezes! O meu serão não é mais feliz pela suposta desgraça alheia...a questão aqui é que "suposta" é a palavra certa, porque nenhum dos senhores que senta o rabinho naquela cadeira considera os seus podres como tal! Nem tão pouco os familiares, namorada ou amigos que o acompanham e assistem na primeira fila ao desenrolar de verdades e mentiras que ao longo da vida lhes têm sido contadas.
Quem ali vai tem como único interesse o dinheiro: 250mil euros que pagam e apagam qualquer comportamento desviante como roubar, trair, enganar...mentir. E portanto quando vejo um homem de 27 anos assumir perante um país inteiro, nomeadamente perante a namorada que está a menos de 2 metros, que sim senhor, tem relações sexuais com outras mulheres (mais de 15 inclusive), e não usa preservativo.... e quando aparece no ecrã VERDADE toda uma plateia aplaude vivamente, nomeadamente a própria namorada que tem sido traída a torto e a direito, e que no preciso momento não sabe bem ao certo que tipo de DST pode ter contraído.....epá....tenho de ser fã deste formato de programa!!
Porque o senhor foi sincero, porque disse a verdade, porque assumiu....e porque passou mais um patamar e venham de lá os 250 mil!!!! E a namorada aplaude!!!
Portanto, em jeito de remate da coisa: acredito que 99% das respostas "chocantes" que ali são dadas, são de conhecimento prévio e mais do que assimilado para os intervenientes da questão. Familiares e amigos estão mais do que a par da "peça" que ali se presta aquele papel e acham bem que o faça pois que o dinheirinho faz falta a toda a gente.
Para o resto do público chocam as respostas e a aparente coragem que o concorrente mostra ao sujeitar-se aquele papel, que no fim de contas, se ele até for sincero até ao fim, e confessar todos os seus podres, deixa de ser um reles porco traidor para ser um reles porco traidor, mas que disse a verdade assumindo que era, de facto, um reles porco traidor, mas que diz a verdade e com mais 250 mil euros na sua conta bancária!
De salientar ainda o debate que se segue ao programa, "A Verdade Compensa" onde não se faz mais do que esmiufrar cada resposta mais chocante, para que o tuga lento e abstraído da realidade que o rodeia, perceba a fundo a podridão que ali está, não lhe vá ter escapado algum detalhe mais sórdido. Acho sobretudo graça ao facto de a Rita Ferro Rodrigues, que modera o debate, repetir várias vezes que nem ela nem os seus convidados estão ali para fazer Juízos de Valor. Bom...então estão para quê, minha querida?? Para receber seu cachét e trabalhar comás pessoas, bem sei. Mas agora não repita cem mil vezes que o objectivo daquela meia hora onde chamam os concorrentes daquilo que eles de facto são, reprovam as suas atitudes, condenam as suas maneiras de estar na vida, e desculpam certas condutas pelo contexto sócio/económico/geográfico/social... não é fazer Juízo de valor...porque é exactamente isso que estão a fazer...e bem, pois que os concorrentes não se importam, sabem bem para o que vão e já sem a presença do polígrafo, continuam a desvendar seus podres (perdão, verdades!), pois já que vieram para casa de mãos a abanar, pelo menos ficam famosos, e aparecem no Correio da Manhã e no 24H por terem batido na mulher! Parece-me muito bem!
1 comentário:
É o reflexo do nosso mais puro Portugalito... eu vi o 1º e, hipócrita ou não... fiquei sem vontade de ver os restantes....
Bjos :o)
carlota
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