Acho que esse tipo de comportamento tem quase sempre como fundo um elevado grau de insegurança e de insatisfação com a própria vida, o que faz com que a tendência seja controlar a vida dos outros.
Não tenho nenhum tipo de formação em psicologia, e perdoem-me os conhecedores da matéria, se a análise que faço da questão estiver completamente longe da explicação científica correcta, e sintam-se à vontade para me corrigir e elucidar!
Mas faz-me muita espécie aperceber-me de jogadas, conversas, diálogos aparentemente inofensivos, insinuações ingénuas e carregadas de boas intenções que no fim de contas não dão ponto sem nó.
Geralmente este tipo de situação surge sempre de gente mal resolvida, cheia de fantasmas e esqueletos no armário, bloqueios e outros síndromes difíceis de decifrar a olho nu. Não é fácil de perceber da primeira vez em que caímos na jogada, nem tão pouco das vezes seguintes. Não é fácil decifrar, descodificar os objectivos que os movem, nem as intenções que surgem nas entrelinhas.
O "Polvo" movimenta-se subtilmente, lança os seus tentáculos em várias direcções, pois não se contenta em manipular ou controlar um aspecto da vida de uma só pessoa, de um alvo definido. Não. E por isso mesmo o chamo de Polvo. Porque a verdadeira essência da coisa está em conseguir jogar ao mesmo tempo com várias pessoas, com várias situações, em cenários distintos e que depois podem convergir e cruzar-se, e nessa altura certificar-se de que está presente e tem o controlo absoluto do momento em questão.
Tudo o que se passar à margem do conhecimento e da intervenção do Polvo representa um perigo, uma afronta, um receio para ele. E é aí que o Polvo ataca! Mesmo sem ser atacado, ele sente-se desprotegido e imediatamente lança os tentáculos e pressiona até conseguir voltar a ter o controlo da situação.
Normalmente o Polvo gosta de brilhar. De ser o centro das atenções. De ser o convidado principal e o protagonista. De ser o elo de ligação de quem o rodeia, mesmo que tenha sido ele o último a chegar, o último a ser apresentado, que tenha surgido por arrastão e mera coincidência. Ele tem que ter o controlo das atenções e ocupar sempre lugar de destaque....e acaba por ser ridículo.
Só ele não vê o papel que representa. E acaba por não perceber que muito do que ele acaba por reunir à sua volta não é natural nem espontâneo. Não é por ele, não é pela sua graça, pelo seu interior. É forçado, é pressionado, é arrancado a ferros, e já toda a gente descobriu quem é o Polvo e preferem simplesmente deixá-lo desempenhar esse papel, porque já sabem que ele é assim e às tantas não há mesmo paxorra para contrariar nem dar lições de moral a quem nunca as teve, e dá trabalho ter de "educar" quem não quer ser educado.
Eu cá devo ser excepção à regra no toca a lidar com Polvos: identifico-os à primeira; não me deixo manipular nem controlar; não levo desaforo para casa; não deixo que façam de mim parva nem abusem da minha santa paciência; não deixo que pisem o risco visivelmente delineado; nem há tentáculo por mais subtil e carregado de boas intenções que me prenda.
E sinceramente, acho que todos deviam fazer como eu:
Em vez de passarem a mão pela cabeça do Polvo, cortem-lhe os tentáculos e vão ver que ele vai deixar de tentar controlar o que está fora do seu controlo.
5 comentários:
Concordo em género, número e grau... Não devemos alimentar comportamentos que consideramos inapropriados, só porque dá trabalho ou as pessoas vão levar a mal. Se há coisa que me custa é engolir sapos... ou polvos, no caso... Detesto ficar com coisas por dizer, por esclarecer. Detesto sentir q querem comandar a minha vida ou q falam dela fora da minha presença... Não gosto e não admito porque as pessoas não são marionetas que se possam comandar. Ou seja... Polvos, só se for à Lagareiro!
Kiss kiss ;)
Há prái uns polvos... há... mas nada sabe melhor que arrancar-lhes os tentáculos à dentada!
Posso dizer que hoje desmembrei um polvo! :)
Já há algum tempo que leio o teu blogue (até estás na minha lista de "blogues com spirito") e nunca tinha comentado porque não gosto de forçar a minha presença, mas hoje acertaste em cheio no tema e não posso deixar de aqui subscrever tudo o que escreveste.
Eu tenho um pessimo defeito, deixo esses comportamentos tomarem proporções que depois a mim não me agradam minimamente... mas para não me chatear prefiro calar, "o que não abona em meu favor". Isto na minha vida sociavel, na minha vida profissional não levo desaforo pra casa.
Sabes que mais? Eu gosto é do polvo no meu prato, seja cozido, no forno ou panado, venha lá o polvo que eu tomo conta dele...
Pena que não seja uma espécie em vias de extinção neste caso, não é? Mas tu apresentaste sedm dúvida a melhor receita!
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