"O normal é irmos conhecendo gente, identificando qualidades e defeitos, enquanto nós próprios vamos crescendo e percebendo o que nos faz bem, o que nos faz feliz, o que nos faz confusão, o que consideramos inaceitável, etc. Na verdade, com o tempo também nos tornamos mais tolerantes e menos exigentes numas coisas, e mais intolerantes e mais exigentes noutras. E é também isso que faz de nós mais adultos.
É perante os conflitos, as dificuldades, os obstáculos, os choques de personalidade que descobrimos, verdadeiramente, a outra pessoa. Os primeiros tempos são o estado de graça por que todos passamos, em que não falta vontade para nada, em que estamos sempre dispostos a tudo, em que não somos preguiçosos, em que pomos o outro à frente de tudo, quais adolescentes apaixonados. Depois vêm as rotinas, os desleixos, as alturas em que já não nos apetece ir jantar sempre a sítios diferentes, em que valorizamos uma tarde em casa a vegetar no sofá. É então que descobrimos que o outro é desarrumado, não sabe cozinhar, cheira mal dos pés, tem CDs do Tony Carreira, deixa as luzes de casa todas acesas, odeia fazer desporto, tira macacos do nariz. E é da capacidade de adaptação a tudo isto, da vontade do outro em aceitar os nossos defeitos, da humildade de cada um em mudar o que podemos mudar que nasce o amor, que se controem almas gémeas. E a palavra é esta: construir. Por isso, não é verdade que eu acredite em almas gémeas prontinhas a entregar no domicílio. Acredito, sim, que podemos encontrar alguém que pode bem vir a ser a nossa alma gémea."
1 comentário:
isto é verdade. E se a nossa alma gêmea estiver do outro lado do oceano o que se faz? :s
Enviar um comentário