sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Meninas, isto é uma canseira
Chamem-me conservadora, mas acho que as nossas avós tiveram uma vida mais feliz. Ou pelo menos mais facilitada. Viveram numa época em que apenas lhes era exigido que fossem esposas fieis, donas de casa exemplares e mães extremosas. Bastante redutor aspirar apenas a isso, bem sei, mas também não lhes era imposta uma série de papeis a desempenhar na perfeição, sob pena de serem rotuladas de preguiçosas, desleixadas ou pouco interessantes.
Hoje, a mulher TEM de se manter informada e interessada em tudo o que se passa à sua volta, desde a guerra na Líbia aos concorrentes da Casa dos Segredos.
TEM de ser financeiramente independente, morar sozinha, ser ambiciosa, mostrar um percurso profissional de sucesso e objetivos de carreira bem delineados.
TEM de praticar desporto (quer goste ou não), porque se não o fizer revela desleixo com a saúde e aparência física.
TEM de mostrar um visual cuidado, preocupar-se com as tendências, segui-las e estar sempre no seu melhor. (E no caso das mulheres com namorado, parceiro, marido, ter em conta as suas preferências e gostos, recriando, tanto na intimidade como fora dela, aquilo que eles consideram bonito ou que lhes fica bem e obviamente, a depilação sempre impecável).
TEM de saber cozinhar. Porque embora os homens não procurem propriamente uma sopeira, com a explosão das Bimbis é inaceitável que elas não sirvam um banquete em casa para as amigas ou os seus mais-que-tudo.
TEM de comprar lingerie sexy. Mesmo que não goste de usar fio dental ou tanga, mesmo que as rendas e as transparências sejam coisa que não lhe assista, mesmo que seja solteira e durma todas as noites com o gato.
TEM de estar sempre bem disposta e com pedalada para sair e ficar na rambóia até às tantas. Estar cansada ou sem vontade é coisa para gente velha, chata e pouco interessante.
TEM de ter uma libido equivalente à do sexo masculino. Estar sempre pronta, com vontade, ter imaginação, querer experimentar coisas novas na cama, não deixar a vida sexual cair na rotina, realizar fantasias e desejos do parceiro.
TEM de ter o sonho de casar, mas não mostrar demasiada ansiedade em relação a isso.
TEM de ter instinto maternal, mas controlar o relógio biológico.
TEM de gostar de gadgets, e no mínimo ter um iPhone, ou um BlackBerry ou um iPad (ou os 3).
TEM de estar a ler algum livro no momento.
TEM de ser viajada e ter histórias para contar sobre os sítios que já visitou.
TEM de ocupar o tempo livre com algo que a torne ainda mais interessante: workshops de tudo e mais alguma coisa: sushi, maquilhagem, fotografia, cursos de linguas, dança do ventre ou do varão.
TEM de ter tempo para as amigas. Estar disponível a qualquer hora e exigir o mesmo delas.
TEM de ser amiga do ambiente e, no mínimo, reciclar.
TEM de ser liberal, segura, confiante, não sentir ciumes nem inveja... verdadeiros Dalai Lama, inundadas de espírito zen e equilibrio emocional.
Já dizia a Marilyn:
“I'm selfish, impatient and a little insecure. I make mistakes, I am out of control and at times hard to handle. But if you can't handle me at my worst, then you sure as hell don't deserve me at my best.”
Afinal de contas, quando e porque é que nos tornamos tão exigentes connosco próprias?
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4 comentários:
Ui! O teu post sufocou-me (no bom sentido, pois achei que está tremendamente bem escrito).
Sim, infelizmente há uma tendência terrível para as mulheres terem de ser tudo isso. Porquê? Não sei. Será alguma questão de concorrência entre nós? Não sei...
E confesso que de tudo o que tenho que fazer, não faço nem metade. Prefiro isso do que ir contra mim. É terrível, por vezes sou apelidada de desinteressada e desinteressante, mas...
Antes assim e feliz comigo do que "perfeita" aos olhos dos outros e perdida dentro de mim! =)
Beijinhos
Rita
OMG este texto está perfeito.
Que horror, revi-me tanto que até estou sem ar.
Wow...
:*
Pois é, a sociedade coloca muitas coisas e de fato é muito difícil estar a par de tudo!
Também penso que nossas avós viviam melhor.
Eu confesso, não sigo todas "as regras"
Gostei do texto,vou te seguir.
Gostei imenso deste artigo e identifiquei-me em mt!
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