Ele há experiências que ficam para a vida. Para contar aos netos, aos amigos, aos conhecidos e até desconhecidos, de cada vez que se falar no assunto X. Ontem passei por uma dessas: andei de helicoptero pela primeira vez.
Estava numa alegria que dava gosto. O cenário não podia ser mais perfeito - sobrevoar Sintra, com partida e aterragem nos jardins do Palácio de Seteais. Paisagem linda de morrer, recepção com poupa e cirunstância, sumos vários, travesseiros e queijadas... tudo o que se quer. É chegada a vez do passeio e lá vai ela, em passo acelerado para dentro da máquina. Tirar fotos com look de Top Gun, muitos sorrisos e o coração acelera. O sr. piloto avisa: " Ah e tal que isto hoje está um bocadito de vento, é capaz de abanar..."
Quando dei por mim já estava a uns bons metros do chão, e a sensação era maravilhosa... até que ele começa a virar, a inclinar, a balançar por todos os lados. Digamos que os primeiros 10m da viagem (que durou 25), foram bons. Tirei fotos, filmei, vi a paisagem, achei lindo de morrer! Quando estávamos a entrar no Cabo da Roca é que a coisa mudou de figura... aquilo abanava tanto, mas tanto, que o sr. piloto teve a bondade de partilhar, e passo a citar: "Ehh lá! Está tanto vento que até o GPS ficou descontrolado!!!" enquanto ouviamos do lado de lá dos phones, a torre de controlo a avisar para voltarmos, para não passar os mil pés, para isto e para aquilo. Ora aqui esta menina automaticamente entra num estado que não sei bem definir, mas que incluia suores frios, tonturas, enjoo, sensação constante de desmaio e as mãos completamente dormentes. Toca de enfiar açucar na boca, fechar os olhinhos e pedir a todos os santos para que voltasse a terra firme. O que só aconteceu (pareceu-me a mim) passada uma eternidade!
Ainda estou para perceber o que se passou com a minha pessoa, se foi "nervos", como dizia uma das colegas de vôo, se foi "enjoo", como dizia a outra que, no final também já vinha agarrada ao saquinho de vómito, ou ainda um "problema do ouvido interno" como dizia a outra que ficou sentada ao meu lado durante o almoço, e que não conseguiu comer absolutamente nada, porque ainda não tinha recuperado das voltas que o estômago deu.
E pronto, serviu para aprender a lição de que, às vezes há coisas que achamos que vamos adorar, que podem ser experiências únicas, e que, se calhar, até vão ser mesmo, porque esta que vos escreve tão cedo (porque não gosto de dizer nunca) não volta a entrar num bixo daqueles!
2 comentários:
É uma sensação horrivel pensarmos que só queremos estar em terra e aquilo nunca mais aterra...E a expectativa de como será a aterragem faz essas reacções,principalmente porque não somos nós que temos o controlo da situação.
Neferet: acredita que a aterragem foi o momento mais "feliz". De cada vez que abria os olhos e ainda via o mar lá em baixo (completamente de lado) e tudo a abanar..pensava que ia morrer!! Não aconselho esta experiência a quem tem problemas de ansiedade... mesmo!!!
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