Há coisas/situações com as quais não sei lidar bem. Melhor, com as quais não sei lidar, ponto.
Hospitais, cães, pessoas que ressonam, montanhas russas, rejeição, mau humor crónico, barulho de esferovite, acordar cedo, comer com pauzinhos e afins...essas evito-as e a coisa vai-se resolvendo. Ou então, quando tem mesmo de ser, tomo uma caixinha ou duas de Valdispert e vamos embora!
E depois há coisas/situações com as quais não sei lidar mas que mesmo assim encaro de frente porque quero, porque não consigo ficar indiferente, porque é mais forte do que eu.
Ontem apercebi-me de que uma dessas coisas que me custa mesmo muito lidar é com as fraquezas dos outros. E aqui "outros" as in "pessoas de quem gosto muito", mas muito mesmo, que são pequenas extensões de mim mesma.
E eu, que me considero um bom ombro amigo, boa conselheira, dotada de algum bom senso, que normalmente até tenho sempre uma piadita fácil para rematar a meio de conversa séria, que sou boa ouvinte, que me esforço mesmo para tentar ajudar, de repente sinto-me desarmada e bloqueada.
Porque aqueles de quem gosto muito para mim são como Super-Heróis. Não têm fraquezas, vulnerabilidades, nem pontos fracos. Quer dizer, têm, eu sei que sim, mas prefiro achar que não. De tão fantásticos que são, mesmo com todos os defeitos que possam ter, continuam a possuir um qualquer super-poder que os impede de irem a baixo, de se magoarem, de sofrerem ou de que os façam sofrer. E era assim que devia ser!
Porque de repente vejo lágrimas caindo pela face, vejos olhares tristes, ouço silêncios que se prolongam até ficarem ensurdecedores, e assusto-me! Fico em pânico, como se eles não tivessem direito a simplesmente estar na fossa, porque sim! Por causa da TPM, porque estão a ovular, porque têm mau feitio, porque lascaram uma unha, porque alguém os magoou, porque não lhes é dada a atenção que merecem, porque não têm calças suficientes, porque a ficha de matemática correu mal, porque estão com gripe, porque não lhes responderam a uma mensagem importante, porque as expectativas foram falhadas, porque alguém muito importante lhes partiu o coração...
Quando me toca a mim, eu passo por isso tudo e choro, e perco a fome, e perco o sono, e choro outra vez, e revolto-me e ressabio, e engulo sapos, e sofro, e acho que não tenho roupa, e mando mensagens a pedir satisfações, e procuro colo onde não devo, e fecho-me na minha bolha à espera de me tornar invisível...e passa.
Com os outros não sei o que fazer. Tenho medo que não passe, mesmo sabendo que sim...que passa. Mas custa-me ver o "entretanto", nem que sejam só 5-7 minutos muito intensos, é o que me basta para ficar às aranhas a pensar que eles estão mal.
Acho que não sei lidar com as fraquezas dos outros porque me fazem perceber as minhas prórprias fraquezas. E que não somos, nem há Super-herois. E que somos todos, até os mais fortes tão frágeis e vulneráveis quanto isto.
Lov ya.