terça-feira, 30 de setembro de 2014

"Amals" que vêm por bem

 
 
 
Porque estas coisas dos casamentos ainda me batem forte cá dentro, ver um Clooney de aliança é coisa que me deixa com aquela sensação de "Ah-ah! Cá está a prova de que quando eles gostam a sério a coisa dá-se!".
Não que a coisa não se dê também quando eles não gostam a sério, que há muito casal por aí a contrair matrimónio pelas razões erradas... mas esse é um tema que fica para outro post.
Nunca fui daquelas fãs de suspirar pelo George. Acho-o um dos atores mais charmosos de Hollywood, e aos 53 anos continua com ar de puto rebelde, que todas as ex achavam imensa graça mas no fundo queriam mudar e dizer "Fui EU que domei o Clooney!"... Mas ia-se a ver e não. Namoradeiro sempre foi, mas casou uma vez, não correu bem, e deixou-se estar a aproveitar a vida, e fez muito bem. Como ele há tantos homens por aí que não querem, não precisam, não sentem vontade de casar. As motivações? Diversas. Mas a principal, sem dúvida nenhuma, e por mais voltas que dêem é: "Não querem casar.... CONTIGO!"... (E agora até cantarolei a música do Enrique Inglesias e tudo...).
E não, não digo isto de barriga cheia porque ah e tal já me casei, tenho um homem que me quis prá vida, posso mandar bitaites à vontade... Nada disso. Sempre defendi a teoria do "Ele não está assim tão interessado". Custa horrores para o ego, mas é bem melhor do que andarmos feitas baratas tontas a escrever enredos de novelas mexicanas para justificar o facto de ele não ligar de volta, não ter tempo, não querer assumir um namoro, não querer ir morar junto, não falar em futuro, e, eventualmente não querer casar. Seja qual for a situação, quando as coisas não correm pela ordem natural num relacionamento, vale mais preparar o ego para a pancada mas assumir que se calhar ele não gosta assim tanto, do que mandar areia para os olhos ad aeternum e viver numa mentira na qual só nós acreditamos.
Clooney, o eterno solteirão de Hollywood, é a prova disso. Não quis casar com uma, nem com duas, nem com resmas de mulherões com quem se pavoneou para tudo quanto era lado... Até que encontrou "a tal". A tal Amal com quem quis, finalmente, casar.
Acredito em histórias como esta, acredito que há "Amals que vêm por bem" e que mostram que não havia mal nenhum nem em nós, nem em quem passou pela nossa vida. Simplesmente não era para ser. E acredito quando o George diz "It feels pretty damn great!", porque independentemente das voltas que a vida possa dar, estar casado com a pessoa que realmente amamos, aquela que escolhemos em detrimento de todas as outras, é mesmo MUITO BOM!!! :)


domingo, 7 de setembro de 2014

Sete

É visto como um número místico e mágico, presente na filosofia, literatura e astrologia como símbolo da transformação e de passagem do conhecido para o desconhecido. Mito ou não, a verdade é que muitas são as coincidências em torno deste número: São 7 as notas musicais, foram 7 as pragas do Egito, são 7 os Arcanjos, são 7 as obras de misericórdia. 7 são os níveis de densidade da matéria que nos envolve. O arco-íris tem 7 cores. As nossas células mudam de 7 em 7 anos. Temos 7 glândulas endócrinas. São 7 os nossos chacras, e até os dias da semana que marcam as nossas rotinas são 7. Muitas são as ciências (mais ou menos exatas) que defendem que a cada 7 anos vivemos o final de um ciclo e o início de outro. Ciências e mitos à parte, dei por mim a fazer um balanço e a verdade é que a minha vida foi, de facto, pautada por ciclos de aproximadamente 7 anos, onde consigo identificar claramente os momentos que marcaram e mudaram radicalmente o meu percurso. Até aos 7 anos vivi uma infância incrivelmente feliz, no seio de uma família coesa, filha única, com 4 avós. Aos 7 anos e meio nasceu o meu irmão e 2 anos depois a minha irmã. Passados 3 anos faleceu a minha avó materna e 28 dias depois o meu avô materno. Aos 14 os meus pais divorciaram-se, e entre os 14 e os 23 fui o braço direito da minha mãe, houve um distanciamento marcante da minha parte em relação ao meu pai, acompanhei o crescimento dos meus irmãos quase como se fossem filhos, terminei o liceu e vim morar para Lisboa, mas na verdade nunca cortei o cordão umbilical com a minha casa, nem aceitei que a minha vida teria de mudar com a vinda para a faculdade. Aos 20 o meu avô paterno, uma enorme referência para mim, faleceu subitamente. E aos 23 perdi a minha Mãe. Faz hoje 7 anos. No dia 7 de SETEmbro de 2007, às 19:03h. Foi nesse ano, pouco tempo depois, que decidi dar vida a este blogue e começar a escrever para aliviar a dor, a mágoa, a tristeza, o vazio, e a saudade, para partilhar o que me ia na alma. Sete anos depois a dor, a mágoa, a tristeza, o vazio e a saudade são exatamente os mesmos. O tempo não cura tudo, e quem diz isto por não saber o que dizer em certas circunstâncias, é melhor não dizer nada. O tempo só aumenta a saudade, e serve de placebo para a dor. Desde 2007 passei anos de profunda tristeza e de me sentir completamente perdida. De não saber quem era, o que queria fazer da minha vida, como ia ter forças para construir o quer que fosse sem a única pessoa que toda a vida sempre esteve lá para mim. Como saber que era capaz se ela não estava cá para mo dizer? Como viver uma alegria, como sorrir genuinamente, se a dor era tão grande? Como distinguir o certo do errado se sempre tive o olhar dela para me guiar? Depois percebi que mesmo não querendo, mesmo não sabendo como fazer isso para mim, teria de o saber fazer para os meus irmãos, que precisavam desse olhar, desse amparo, dessas palavras de confiança e coragem. E, por eles, mais do que por mim, comecei aos poucos a tentar construir um caminho, fosse qual fosse. Três anos depois conheci o João, e foi ele quem me fez, realmente, dar um rumo à minha vida. Foi por ele, mais uma vez mais por ele do que por mim, que voltei a ganhar coragem, brio e ambição. Delinear objetivos e obrigar-me a cumpri-los. Foi graças a ele que quando quase voltei a querer desistir, ganhei forças extra para continuar a lutar e não deixar de acreditar que os meus sonhos se podiam realizar. Um ano depois estava a trabalhar, a fazer aquilo com que sempre sonhei, a aprender, a evoluir, a ganhar confiança, conhecimento, a perder os medos, a baixar a guarda, a sair da zona de conforto, a evoluir enquanto mulher e profissional. Entrei como estagiária, passei a jornalista junior, depois senior, e Coordenadora de redação. Consegui superar-me. Deixei de sentir necessidade de provar aos outros que conseguia e a viver com a certeza de que o importante era eu saber que conseguia. Aproximei-me do meu pai. Desculpei-o e desculpei-me. Aos 30 anos, após 4 de namoro, de morarmos juntos desde praticamente o início, de termos crescido juntos, viajado juntos, revelado o melhor e pior um do outro, de sentirmos dúvidas e receios, de chegarmos a certezas, fui pedida em casamento. Casei-me. A minha Mãe esteve lá. Não só no sentido espiritual, mas em homenagem e no olhar de cada pessoa que a conheceu, e também de quem nunca a viu mas partilhou daquele momento mágico como se tivesse conhecido. Esteve na flor do meu bouquet, esteve quando me vi ao espelho e sorri, quando o meu irmão me sussurou ao ouvido "Estás tão parecida com a Mãe...", quando chorei de profunda tristeza por não a ter a compor-me o vestido, a enxugar as lágrimas de alegria, de braço dado com o meu pai, o amor da sua vida, que nesse dia certamente sentiu tanto ou mais a falta dela quanto eu. Esteve (e está) na forma mais simbólica, no meu anelar esquerdo, na aliança de casamento que era dela, que é exatamente do meu tamanho, cujo nome gravado por dentro permanece igual, porque até o nome do meu pai e do meu marido é o mesmo, apenas alterei a data. Esteve e está todos os dias da minha vida, quando acordo e adormeço e olho para a fotografia dela na minha mesinha de cabeceira. Está em mim, na mulher que hoje sou, em que me tornei. Está nos meus irmãos, no orgulho desmedido que sinto ao ver os seres incríveis que eles são. Hoje passam 7 anos desde o dia em que lhe toquei no rosto pela última vez e lhe segredei ao ouvido: "Obrigada por tudo, és a melhor Mãe do mundo." E hoje sei que este ano faz parte daqueles de transformação e mudança. Sinto claramente que foi um ano de terminar um ciclo e iniciar outro. Não sei se este blogue fará parte desta nova etapa, se poderá, também ele sofrer uma mudança, mas sei o quanto devo a este espaço, a esta forma de não me esquecer de quem eu sou, do que gosto realmente na vida, de projetar para o universo os meus desejos, e ter a imensa sorte de que, a seu tempo, eles acabem por se materializar. Hoje é um dia triste mas eu estou feliz e sei que ela também está por mim.