segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tudo a seu tempo

Isto vindo de mim, a "Ansias" em pessoa, que não consegue guardar para o minuto seguinte aquilo que lhe apetece fazer e dizer agora e já!
Mas nunca isto fez tanto sentido para mim como agora: tudo a seu tempo.
O que é verdadeiro é imutável. É firme, e permanece intacto independentemente da fase que estamos a atravessar. Há fases de adaptação a novas realidades, que levam tempo até se descer das nuvens e voltar a pôr os pés no chão. E quando se põe novamente os pés no chão, percebemos que entretanto a realidade mudou, inevitavelmente, porque as horas passam, os dias passam, e acontecem coisas que exigem que nos adaptemos às nossas mudanças e às mudanças de outrém.
Percebo que, para quem desce das nuvens, seja complicado aceitar aquilo que mudou enquanto esteve ausente. Mesmo que a mudança não seja para pior, mas só a simples sensação de não ter estado lá quando mudou, já provoca um vazio. E percebo que ponha até em causa o espaço que ocupava outrora na vida, na casa e no coração de quem sempre esteve lá, ao seu lado... e que continua lá, ao seu lado. E o lugar na vida, na casa, e no coração também continuam lá: imutáveis, intactos e exclusivos.
Mas para quem ficou cá em baixo, de pés bem assentes na terra, a ver a ascensão rumo ao infinito azul, também custou muito perceber que as amarras que nos prendiam foram lentamente soltas, as prioridades trocadas, as vontades e os interesses sobrepostos. Para quem ficou cá em baixo, arrisco em dizer que o vazio foi um bocadinho maior, e a "S" Word bateu mais forte. Porque assistiu à partida para uma viagem para a qual não foi (nem podia!) ser convidada, e onde não lhe restou muito a não ser desejar "Bom Vôo", torcer e esperar que tudo corresse pelo melhor, com a certeza de que na hora da chegada estaria no mesmo lugar. E estive.
Entretando nem é preciso dizer que a vida aqui pela terra e de pés bem assentes no chão não é tão cor de rosa como aquela que se vive nas nuvens, com borboletas na barriga, a dormir "spoony", a passar fins de semana fora, com direito a jantares regados a bom vinho e muito romance!
No meio disto tudo, enquanto uma andava nas nuvens e a outra no underground, resta a certeza de que ambas pensavamos uma na outra, ambas sentiamos a falta uma da outra, ambas incluimos a outra nas nossas vidas, na maneira que a "actual conjuntura" (influências da Tia), permitia.
Porque tudo se ajusta ao seu tempo. Tudo toma forma e ocupa o devido lugar ao seu tempo. Tudo é conciliável. Basta querer... e nem é preciso pensar muito no assunto, porque o Universo acaba sempre por arranjar maneira de colocar tudo no lugar certo, a seu tempo.
E sempre que te apetecer subir no teu balão colorido, sobe. Quando se acabar o gás e desceres eu vou estar cá, com uma área assinalda para aterragem em segurança! Com alguma sorte ainda nos encontramos pelos ares, cada uma em seu balão, gritando bem alto:
"Amo você"!

The S word


Estar apaixonado é bom. Butterflies everywhere, olhos gazeados, sexo do bom, fins-de-semana ali e aqui, dormir a noite toda com aquela pessoa sem estranhar, jantares e não ter de conduzir quase porque ele conduz pra todo o lado. Toda aquela lamechada que sabemos que o é mas que nos sabe bem porque sim.

No entanto, tenho vindo a pensar, que mesmo assim, quando nos sentimos preenchidos, quando não queremos sequer imaginar como seria a vida, se ficássemos privados de tudo isto pode haver solidão. Há pessoas sós que têm uma vida amorosa não desastrosa.

Penso que de certa forma explicável por um afastamento inconsciente de quem é amigo e não está numa relação. Inevitavelmente os interesses são diferentes e seria pura hipocrisia dizer que não. Depois o amigo vai deixando mais e mais de ligar porque "não quer atrapalhar" ou "ligar para quê se está com o respectivo?" - (!ADORO!)... O amigo com o respectivo não liga por sua vez porque não se sente incluído, acha sempre que está a mais e se diz que está com sono ás quatro da manhã, é a caretice de uma vida "a dois".

Acaba por acontecer isto mais para o lado das mulheres (sim, sim Bonecas), a meu ver porque abdicamos muito mais de nós do que eles. Nós cancelamos a saída com amigas, que tínhamos marcado no dia de jogo da bola, porque ele se sentiu mal-disposto e não faz grande sentido estarmos a sair com ele doente. Quer queiramos quer não somos uma espécie de segunda mamã(OMG!). Por muito que nos custe admitir, viemos ao mundo cheias de hormonas e ovários para isso;tomar conta do que não é nosso. Tudo lindo. Mas ainda assim podemos ser visitadas pela "S" word. Podemos simplesmente sentir falta da(s) amiga(s) já que ainda temos capacidade de falar de bébes alheios, ainda temos pedalada para dançar em cima de uns saltos de 10cm e de vontade de ouvir o Bitch da Meredith Brooks aos gritos no carro (um clássico é sempre um clássico).

Assim meninas, liguem à vossa amiga de sempre e combinem uma coisa que só vocês faziam quando ela não andava de baby-sitting a ninguém. =) Vai-vos saber a morangos com chocolate quente!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Recado

Podia ser só uma alusão a uma música dos Expensive Soul que adoro (e que já agora é uma pena terem acabado...), mas não. É um recado em resposta a um outro recado pouco subtil que me foi dado noutro dia. Não é que faça do meu rico umbigo tanque de roupa, mas já que sou censurada noutros espaços, aqui sempre digo o que me apetece e a mais não sou obrigada.
Do princípio: Tenho visitado um blog, que consta da nossa lista de blogs, que falava certo dia das pessoas gordas. Num tom arrogante e de Miss Universo, a autora não entendia a razão pela qual os GORDOS diziam não compreender o porquê de estarem gordos, já que comiam o mesmo que ela, que era MAGRA. Toda esta filosofia de "Depuralina" vem na sequência de um dos episódios da Oprah (um exemplo extremo de magreza e elegância...).

No fim ainda nos deixa um conselhozinho género, Gordas e Gordos desta vida: Fermez la bouche! Confesso que me caiu mal o post, porque tal como já referi, achei o tom despropositado já que a autora do blog resolveu deixar bem claro que não era um problema do qual padecesse... E resolvi comentar, fazendo de advogada (já que estudei, não é?) dos gordos e mais rechonchudos porque, whatsoever, não me fazem confusão nenhuma.
O meu comentário não foi de todo ofensivo para a pessoa em questão, obviamente, já que não a conheço de parte nenhuma nem faço tenções de, (ao contrário da visada que me manda convites para o facebook). Disse apenas que se deveria mostrar um pouco mais de respeito por quem é gordo, porque muitas das vezes as pessoas gordas ou mesmo obesas são-no porque têm doenças do foro hormonal (Hipertiróidismo), e doenças tais como Obesidade que as fazem ser assim. Depois ainda porque o metabolismo é diferente em cada um. Há quem tenha um processo mais acelerado de absorção dos nutrientes, e outras pessoas em que esse registo é mais lento. Obviamente que o tipo de alimentação é importante, mas há formas e formas de se expressarem opiniões, principalmente relativamente à imagem pessoal que mexe tanto connosco. A minha última alusão foi ao facto de a autora do post ter revelado o seu peso; uns magníficos 54kg, que no entanto de nada nos valem se não soubermos a altura. Ora 54kg numa pessoa com 1.50m de altura pode não ser o melhor dos pesos (e atenção que não faço a mais pequena ideia se a autora é alta ou baixa). Uma leve teoria da relatividade com muito pouco de Einstein creio eu...
Pois bem. Fui censurada. Não só o meu comentário, em nada ofensivo, não foi revelado ao publico em geral, como ainda tive direito a um post subtil, onde a autora dizia ser visitada por uma "barata" nos dias que corriam e que a solução tinha sido uma chinelada. Metáfora pobre, digo eu, que de oval e viscosa não tenho nada. Por outro lado de louvar já que, como as ditas bichas, nem as bombas atómicas nos calam.
E pronto. Aqui exerço o meu direito de resposta/disparate encontrando-me muito mais aliviada... é que o direito à opinião é como o Sunrise... Quando nasce, é para todos!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Elas voltaram

Sorrateiras, sem anunciar.
Primeiro foram as noites mal dormidas, os sonhos (ou seriam pesadelos?) constantes, o adormecer e acordar de 2 em 2 horas.
Agora, para juntar à festa, o facto de serem 4h da matina e pregar olho que é bom, nem por isso.
Já vi um filme do princípio ao fim com muita atenção, já comi, já fiquei quietinha, já me virei para o lado ainda com a TV ligada para ver se o som me embalava, já desliguei a TV para ver se o silêncio me levava, já voltei a ligar tudo porque tanto o silêncio como o escuro me estavam a irritar solenemente.
Já olhei para o relógio centenas de vezes, já fiz as contas das horas que (não) vou dormir, já me proibi a mim mesma de pensar seja no que for, já tomei um zyrtec porque as alergias continuam a dar comigo em doida e com sorte pode ser que me dê sono, já rezei.
Não conto carneiros porque é estupido. Não mando msgs a ninguém a fazer queixinhas da minha insónia porque não são horas de se chatear nem mesmo as melhores amigas. Não fico de olhos fechados simplesmente à espera que o sono venha porque o meu cérebro não pára e não consigo relaxar.
E o pior é que já sei que quando elas voltam, vêm para ficar.
Porque a noite é pessima conselheira, mas à noite só à noite é que muito balanço se faz por estes lados. Porque de dia só quero que seja de noite, e agora só queria que já fosse de dia.
Porque vivo neste contentamento descontente, nesta estranha forma de vida.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Surpresa!!!

Há quem não goste de ser surpreendido. De ter de lidar com o inesperado, com o imprevisto. Ter de reagir perante algo que não estava à espera.
Eu gosto... ou gostava.
Não me lembro da última vez em que aconteceu. Mesmo.
Desde miuda sempre descobri antes do tempo qual ia ser a minha prenda de aniversário ou de Natal. Não porque andasse a bisbilhotar, mas porque acabava por ver a minha Mãe embrulhar a prenda, ou ouvir uma conversa entre Avós, até mesmo apanha-los em flagrante a comprar a Barbie que eu tanto tinha pedido. Eu sempre disfarcei e fingia que não via nem ouvia nada. E na hora H fazia a maior cara de surpresa e felicidade, (que era sentida!), porque sabia que metade da alegria do momento se devia ao prazer de receber, mas a outra metade ao prazer de quem ma dava.
Hoje em dia as coisas não mudaram muito. Agora já não falo das prendas, mas das atitudes, das posturas, das escolhas que as pessoas que me rodeiam fazem.
É difícil alguém surpreender-me. Tenho o dom (?) de conseguir antecipar tanta coisa, que poucas são as vezes em que sou realmente apanhada de surpresa.
Infelizmente quando isso acontece é quase sempre pela negativa, o que acaba por fazer com que dê por mim sem sentir falta de grandes surpresas. Mas de vez em quando, como em tudo na vida, bate assim um vaziozinho... nada de especial, é mais como um ratinho que se tem no estômago, mesmo antes de se sentir fome a sério, onde dou por mim a sentir falta de ser realmente surpreendida.
De que alguém se dê ao trabalho de fazer algo que eu não esteja absolutamente nada à espera ou a contar. Que me deixe de queixo caído. Que se antecipe à velocidade-luz do meu pensamento, me troque as voltas, e me faça acreditar que ainda é possível eu ser enganada... para o bem!
Não me lembro de quando foi a última vez que isso aconteceu. E não quero ferir susceptibilidades de quem possa achar que me fez X ou Y e agora estou praqui a ser uma mal agradecida e a querer chamar à atenção.
Nada disso...
Isto é apenas e só conversa de quem está já com a cara dormente de levar chapadinhas da vida, e de quem me rodeia. Nem são aquelas de luva branca que eu possa dizer: apanhei, mas também mereci! Não... são daquelas que eu vejo a vir, como que em câmara lenta, mas não me consigo desviar... e então acabo sempe por ser desagradavelmente surpreendida, ainda que em parte já estivesse mais ou menos a contar.
E o problema é mesmo esse... é que eu acabo por estar sempre a contar... e estou farta. Posso simplesmente ser "naive", ingénua, inocente, viver a zeros, ser tábua rasa do que ficou para trás e me faz activar o alarme ao meio sinal de perigo?
Será que já não há quem me surpreenda, ou sou eu que não me deixo mesmo surpreender?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

E tudo a chuva levou...

Hoje acordei com um trovão que me deixou em alvoroço. Provavelmente o mais alto e assustador que já ouvi. Daqueles que se percebe que rebentou mesmo em cima dos nossos telhados, e que só nos dá vontade de encolher e esperar que o céu não nos caia nas cabeças, à boa maneira gaulesa.
Chovia torrencialmente lá fora, e dei por mim ainda meio a dormir meio acordada, a correr para a cozinha e apanhar algumas peças de roupa estendidas de véspera. Mal abri a janela a chuva entrou e molhou-me braços, rosto e cabelo. Podia ter fechado a janela rapidamente e voltado para dentro num ápice, mas não. Deixei-me estar mais uns quantos segundos, pois que me estava a saber bem. Chuva fresca, mas não fria, forte mas não agressiva. Daquela que não molha tolos mas todos.
E uma súbita sensação de que nada será como dantes me invadiu. Porque sim...
Como se aquela chuva estivesse a lavar e levar tudo o que ficou para trás, na estação que passou, nestes meses que passaram, nesta fase que passou, que não me lembro quando começou mas quero recordar com certeza o dia em que acabou. Foi ontem... foi hoje... foi no dia daquela chuva que me acordou, me tirou da cama, me despertou de um sono morno e entorpecido para uma realidade que é fresca mas não fria, forte mas não agressiva.
A culpa podia ter sido delas, daquelas que me disseram o que me custa ouvir, que tomaram suas as minhas angústias, que perderam horas do seu tempo para acrescentar horas ao meu. A culpa podia ser do silêncio, daquele que dói, que fere mais do que mil facas, daquele que é ensurdecedor e me dá ganas e vontades de revirar o mundo do avesso à procura de respostas. A culpa podia ser minha, que decidi, escolhi, e assumi com firmeza o que ainda não tinha decidido, escolhido e assumido, porque não...
Mas não, a culpa foi da chuva. Veio sem ninguém esperar, veio com a força toda, e caiu sem parar enquanto quis e bem lhe apeteceu, levou tudo na sua passagem e lavou o que havia para lavar. Chuva e lágrimas misturam-se e às tantas já não sei o que é o quê.
Mas sei que tudo a chuva levou.... e agora, nada será como dantes.