quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Sou uma mulher casada

Há 25 dias que o meu estado civil mudou. E com ele o estado de espírito, o estado de nervos, o estado de alma e de coração.
Qualquer tentativa que faça para descrever o dia do meu casamento ficará sempre aquém daquilo que senti. Já aqui o escrevi muitas vezes: casar nunca foi o meu sonho, até ao dia em que passou a ser. Mas nunca, nunca mesmo, sonhei que pudesse ser tão bom e que me fizesse tão feliz.
Não foi a festa, não foi a cerimónia, não foi a pompa e circunstância. Mas foi a circunstância em si. Foi o dia mais feliz da minha vida. E foi o dia em que me lembraram que, apesar de tudo, já antes tinha sido muito feliz. Foi o dia em que reuni, no mesmo espaço, as pessoas mais importantes da minha vida, que me acompanharam desde sempre, que melhor me conhecem, que melhor me querem. Foi o dia em que olhei no fundo dos olhos da pessoa com quem partilho a minha vida há 4 anos, e assumi, com maior responsabilidade, maturidade e do fundo do coração, o meu desejo de ser feliz ao lado dele e de o fazer feliz, todos os dias, sem exceção. Foi o dia em que recebi abraços tão sentidos, partilhei lágrimas tão profundas, ouvi gargalhadas tão sonoras e senti uma energia tão positiva em torno de mim e do agora meu marido, e da união que celebrámos. Foi o dia em que dancei com o meu pai. Foi o dia em que vi imagens da minha mãe em vídeo. Não foram fotos, foram imagens, com movimento, com olhares de cumplicidade, e esboçar de sorrisos. Foi o dia em que percebi que estou, realmente, muito parecida com ela, e que orgulho que isso é! Foi o dia em que o meu pai cantou para mim. E eu cantei para ele e para os meus amigos. Foi o dia em que tive os meus irmãos, cada um do meu lado, quais guardiões da minha felicidade. Foi o dia em que o meu marido me surpreendeu, uma vez mais, e da melhor forma possível. Foi o dia em que dancei o "Pretty Woman" com a minha avó e a vi a dançar na pista até às 2h, sem querer ir embora. Foi o dia em que o meu bouquet, que tinha uma gerbera, a flor preferida da minha mãe, foi parar às mãos de uma das minhas madrinhas, que adorava a minha mãe, e que também tem como flor preferida a gerbera. Foi o dia em que não consegui comer nem beber... quase nem respirar, porque a emoção era de tal ordem que sentia que a qualquer momento ia explodir! E explodi... num misto de felicidade desmedida e de tristeza por ser tudo tão lindo, tão bom, e a minha mãe não estar ali para ver. O dia em que passaram as músicas que mais marcaram a minha vida, e que ficaram na memória de todos os que testemunharam cada momento especial que preparámos com tanto carinho.
Foi arrebatador e brutal... um choque de adrenalina e emoção. Um conjugar de milhares de fatores que me fazem olhar para trás e pensar que passou à velocidade da luz, que queria tanto poder viver tudo de novo, agora com mais tranquilidade, agora que já sei como é, agora que a ansiedade que me consumiu já se foi...
Repito: foi o dia mais feliz da minha vida.
Paira agora uma nostalgia comum a tudo quanto é bom, e que deixa sempre um vazio, um sentimento de "soube-me a pouco", ainda que tenha sido tanto!
Quando me perguntam "que tal é a vida de casada?", respondo sempre: "Maravilhosa!". Ou "Não muda nada, pois não?", lamento discordar mas muda sim. Para mim mudou. Muda a forma como encaras o outro e a relação. Ainda que tenhamos voltado no dia seguinte para a mesma casa que já partilhávamos há anos, ainda que após a lua de mel a rotina seja a mesma, ainda que nenhuma mudança física e prática tenha acontecido no nosso caso, há uma mudança estrutural. Os alicerces ficam mais fortes, a relação mais firme, as certezas mais certas. No meu caso a forma como olho para o João mudou muito. Não pela aliança que agora usa (com orgulho e vaidade) na mão esquerda. Mas pelo companheiro incansável que ele foi ao longo destes meses de preparativos, do homem incrível que se revelou durante o dia, tomando as rédeas de tudo e deixando-me desfrutar ao máximo, e fazendo com que me sentisse literalmente uma princesa. Pela maneira tão genuína como viveu cada momento de alegria, rindo e chorando ao meu lado. Nunca imaginei ter uma pessoa que me completasse desta forma, me compreendesse desta forma e me quisesse tão bem...
Sempre disse que se casasse teria de estar verdadeiramente apaixonada, e assim foi. Mesmo com 4 anos de namoro, mesmo com altos e baixos, mesmo com certas dúvidas que podem assombrar o pensamento em várias fases desse namoro, casei completamente apaixonada pelo meu melhor amigo, pelo homem que me conquistou, arrebatou, me faz sentir borboletas e frio na barriga, saudades incríveis quando não estamos juntos, e rir muito, por tudo e por nada... o homem que me fez acreditar que os sonhos se podem, de facto, realizar.
Amo-te muito, meu marido.
Obrigada por tudo!