segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

É não é?


Acho quase tanta graça à moda da guest list como acho graça às pequenas que bradam aos 7 ventos que estar sozinha e sem amar é que é bom.... Ainda devo ser do tempo em que liberdade era agarrar na bandeira de França com as mamocas de fora....


P.S.- Qual é a vantagem de eu ter o meu nome (que ainda por cima é dificílimo de entender) na bendita lista para depois aguardar, com o resto do povo, a levar com chuva na moleira e descobrir quando entro dentro do espaço que o gang do "aperta o papo" tb foi convidado?

Ui ca neura!


Sim, eu sofro (muito!) por antecipação.
Sim, eu fico cheia de nervos só de pensar que ainda faltam 5 dias para o próximo fim de semana.
Não, eu já não aguento mais esta chuva todos os dias, todo o santo dia.
Não, o meu calçado não está preparado para esta agressão diária e que me deixa com os nervos em franja.
E não, a minha franja também não está preparada para esta humidade estúpida.
Como tal, e porque é 01:00h e lá fora faz um temporal desgraçado, e eu não consigo pensar nem decidir o que é que vou vestir amanhã, (o que automaticamente faz com que tenha de me levantar entre 5 a 8 minutos mais cedo..), e ainda porque amanhã é 2 feira, o que por si só já faz com que seja um dia particularmente dificil de encarar, e ainda porque eu estou a pedir muito, mas muito, muito mesmo...:
-Por favor, S. Pedro... dá-nos uma abébia amanhã, entre as 8h e as 10h, pode ser?? Só para eu não ter vontade de cortar os pulsos mal abra a persiana...

P.S- Resto da humanidade, é favor não me dirigir a palavra até perto das 11:30h, pode ser?
Bem haja.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Borboletas



Intimamente relacionadas com a teoria do caos. Para mim o caos é viver sem elas.
O efeito que o bater das suas asas causa pode influenciar o curso natural das coisas e deste modo provocar o mais inesperado e caótico dos acontecimentos do outro lado do mundo. Dizem, por aí... são teorias.. e há tantas!
Eu, que também tenho uma, acho que quem teme o bater das asas das borboletas não sabe nunca o efeito que ele causaria. Do outro lado do mundo, em si, nos outros.
E até no caos, dentro do movimento alegórico inerente a si, se pode encontrar um padrão: o da certeza de que, mesmo que a Primavera acabe amanhã, valeu a pena ter sentido aquele bater dentro do peito.
O das asas, o do coração.
Gosto de Borboletas. Gosto do efeito que causam em mim. Gosto delas porque me lembram quem eu sou e do que gosto. Porque me mostram que o Inverno já acabou, mesmo eu gostando tanto de Inverno! Mas tudo tem o seu tempo... e quando chega o tempo das Borboletas, e mais ainda quando elas chegam quando menos se espera, trazem consigo tanta coisa boa, que só quem sente de novo o bater das suas asas no estômago se volta a lembrar como é bom!
Gosto de assumir que gosto de Borboletas! Sem medo de parecer lamechas, ingénua, embevecida, ou tomada por alguma doença contagiosa de quem os corações frios fogem e sobretudo desdenham. Melhor seria se se pudesse contagiar!! Gosto de ter a certeza de que, com ou sem Borboletas à minha volta, sou a mesma pessoa... mas com elas, sou mais feliz.
E acima de tudo, o que mais gosto nas Borboletas é que elas nunca se esquecem de que antes foram Lagartas. Discretas, sossegadas, tranquilas no seu casulo, à espera da hora certa, do tempo certo para darem o passo seguinte.
Antes não eram feias, não eram tristes, não estavam perdidas nem frustradas por serem Lagartas... eram assim, porque a natureza assim as fez, e sempre se orgulharam em se assumir como eram: com fragilidades, carências, desejos e certeza de que mais cedo ou mais tarde, seriam Borboletas, sem pressa, e sobretudo sem desdem das que ainda são Lagartas, e das que já são Borboletas.
Que voem à minha volta, batam asas até se sentir nos meus antípodas, que me encham o estômago, me tirem a fome, me dêem calor e arrepios na pele, se confundam com o bater do meu coração, me façam sorrir, cantar e dançar, que me invadam os sonhos e me façam sonhar acordada...sem medos, porque os medos ficaram lá atrás e quem tem medo não vive! Libertei-me dos meus há muito e agora o único que tenho é de voltar a sentir medo... por isso vivo, intensamente, como me apetece!
E para quem estiver a pensar: "Quanto mais alto é o vôo, maior é a queda!"...
Não se preocupem... o meu kit Borboleta vem com trem de aterragem!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vou ser feliz!


Pois que vou, mas volto!
Vou só ali, ali, sabem? E já venho...
E até podia fazer um post a dizer onde era, com quem, o que ia fazer, a que horas, como, e ainda ilustrar com fotos maravilhosas dos sitios, das paisagens, e afins..
Mas não estou praí virada. Porque para além de não ser da conta de certas e determinadas pessoas que aqui vêm dia sim dia não ver o que é que eu ando a fazer da minha vida para depois fazerem disso conversa de café, faz-me confusão esta necessidade que está tão na moda de as pessoas berrarem aos 7 ventos e porem em tudo o que é rede social o quanto são felizes e têm uma vida fantástica e super preenchida de programas e actividades socio/culturais e recreativas!
Por isso minhas riquezas, é isto: vou só ali ser feliz e já venho!
Um óptimo fim de semana para todos! Beijinhos e abraços!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Revelações


Eu tenho um 6º sentido apurado. Apuradíssimo! E quando o alarme soa, raramente é em falso. Pressentimento, intuição, antecipação, dedução à velocidade da luz, o coração bate mais forte, não tenho visões mas uma certeza cá dentro diz-me atempadamente o que venho a confirmar mais tarde.
E confirmei. E que bom que foi!
Uma conversa tranquila, longa, esclarecedora, que trouxe um alívio imenso para ambas as partes. Porquê agora? Porque não antes, quando poderia ter sido crucial para nós, para decidirmos outros caminhos, fazermos escolhas melhores, sermos mais fortes e audazes? Porque não era a altura certa. Porque tinha de ser assim, e só agora foi o tempo e a hora certa para o "confronto". Não houve armas de nenhum dos lados, nem sequer bandeiras brancas. Era notório que ambas estavamos em busca de Paz. De fazer as pazes, não entre nós, porque não era caso disso, mas com o passado, com o que ficou para trás. E mesmo sem sabermos, mesmo sem o assumirmos na altura, fizemos parte do passado uma da outra de forma tão presente!
De facto cada vez mais me convenço de que nada, mesmo nada, acontece por acaso. E que há coisas que, leve o tempo que levar, têm de ser ditas, têm de ser faladas, partilhadas, esmiuçadas até à exaustão, se preciso for... tal como há outras que, depois de um simples gesto se percebe toda a mensagem, e não é preciso tocar mais nelas.
Ainda bem que me procuraste. Ainda bem que falamos. Ainda bem que a sinceridade esteve acima do orgulho ferido, da frustração, de tudo. Ainda bem que abrimos os corações, que lavámos a "roupa suja", roupa que nunca fomos nós a sujar, que tantas vezes tentamos tirar as nódoas que constantemente caíam sobre ela. Ainda bem que tudo passou. Que estás feliz e aliviada como eu. Que sabes que o problema não era teu, não estava em ti. Que sabes que há alguém no mundo que sabe o sabor das lágrimas que choraste, as noites que não dormiste, o tanto que guardaste para ti, em silêncio, a frustração, a ansiedade e o medo. Alguém que te percebe, que estava do outro lado da barricada mas não era contra ti. E agora que pulamos as duas para o mesmo lado, este, onde se está tão bem, onde se respira de alívio, onde se vive em Paz, onde se sabe o que Não se quer, onde se é feliz porque não se tem quem nos faça infeliz... Agora que sabemos muito mais do que os outros pensam, agora que já nos rimos tanto às custas de outrém, agora que até fazemos futurologia e sabemos tão bem o que vai acontecer do outro lado, agora que novos capítulos das nossas estórias se abrem, com novas personagens, daquelas que vale a pena conhecer, é mesmo "tempo de viver". Porque ambas merecemos. De cabeça erguida, sem vergonhas do que passou, sem mágoas profundas, sem traumas nem dramas.
Porque nós merecemos! ;)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Nostalgia


É sempre assim, já devia estar habituada. Mas não estou.
Esta terra tem este efeito em mim. Esta casa, este cheiro. Estas paredes, cada uma destas divisões. As pessoas, os carros, as matrículas. As ruas. Os cafés. O cemitério. As amigas. A falta delas. Os encontros pressentidos e não programados. As fotografias, as músicas. As toalhas de banho. O cheiro. As histórias, as expressões repetidas, as lembranças. O silêncio. O não querer estar aqui. O aperto no peito. O que tenho vontade de fazer mas depois não faço. Os almoços no mesmo restaurante, no mesmo dia, na mesma mesa, como se 2 anos e 5 meses precisos hoje, não tivessem passado. O dia 7. As saudades. O que ficou por dizer. O que fica, todos os dias, o que falta, a falta que me faz. O ter sono mas custar adormecer. O quarto frio. O que ficou para trás. O que não volta e ainda bem... o que não volta e ainda mal. O lanche só com os meus irmãos, crescidos. O que eu não vejo, não sei, não toco, mas sinto. O roupão dela que eu visto, sempre. O sorriso. Uma vida. Um grande amor. Um capítulo mais do que fechado. Outro que se abre. O alívio, o conforto, a paz, a tranquilidade, a serenidade, o equilibrio, o preenchimento, o calor no coração, o frio na barriga. As mensagens que chovem. O meu sorriso. O reconstruir do nada, do inesperado, muito abaixo do ground zero, e sem esforço, sem presunção. A saudade outra vez, e o cheiro. Não é só triste, também é bom, é gratidão pelo que vivi, pelo que pude viver, pelo que me deram, pelo que dei, por ser quem sou, pelo que tenho. É olhar no espelho e ver mais do que o reflexo. É gostar do que se vê... por dentro. Render ao cansaço e dormir.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O "Pívias"


Não me levem a mal meus leitores queridos mais susceptíveis que por aqui passam.
Sabem bem que este é um espacinho que se dá ao respeito, e acredito que ao ler o título deste post tenham ficado meio que admirados com a bregeirice que se avizinha. Mas este é um assunto que há muito pedia umas linhas de consideração, que há muito me assombrava o pensamento e como o que tem de ser tem muita força, um post sobre o "Pívias" impunha-se!
Ora, e quem é o "Pívias", perguntam vocês cheios de curiosidade? (ou então com algum receio..)
O "Pívias" é uma personagem com a qual me deparo diariamente. É uma alminha que trabalha num estabelecimento comercial mesmo por debaixo de minha casa. Mede pouco mais de 1,60m, é magro que nem um grilo, com uma cara de apito, branco como a cal, e com um cabelinho ralo que mete dó. Ou seja: é uma personagem que passaria totalmente despercebida aqui na praceta, não fossem duas ou três características que o impossobiliam de todo, de ser discreto. Começa logo pelo trabalho: ora o "Pívias" trabalha numa frutaria/talho com o totalmente inesperado nome de "Fruticarnes". E podia dar-se o caso de ser o rapaz que está no talho e corta bifinhos do lombo ou da vazia... mas não. Também se podia dar o caso de ser o rapaz da caixa da parte das frutas e legumes...mas também não. Ainda podia ser o rapaz que mete os produtos no saquinho depois de pesados e ajuda as velhotas... mas também não. E claro está que também não faz parte do grupo de brasileiros robustos que às 2h da matina estão a descarregar caixas e caixas bem pesadas das carrinhas para a loja.. não, a essa hora o "Pívias" deve estar... a dormir, vá!
Então o que é que ele faz?? Pois que não sei!
Vejo-o ali à porta num entra e sai desenfreado, sempre muito activo e como quem tem muito que fazer. E quando vou lá dentro, dou por ele a mexer nos limões, a pendurar as bananas nos ganchos, a separar as uvas mais maduras, e a deitar fora tomates podres.. vamos assumir portanto que o "Pívias" toma conta da fruta!
Mas a fruta de que o "Pívias" gosta mesmo é outra!! Porque a principal função deste senhor é ver quem passa. E quando quem passa são, por exemplo, meninas com ar saudável, então aí, é ver aquela figura, aquela mistura de gnomo do Pai Natal com duende do pote de ouro, a dar o ar da sua graça, e eis que surgem os requintes de sedução dos quais o "piqueno" faz uso constante, sem vergonhas nem embaraços!
Ele vê as meninas a andarem na sua direcção, continua a fazer o que está a fazer (seja lá o que for!), mas com os olhos vidrados na "presa", e mesmo no instante em que nos cruzamos com ele surgem pérolas do tipo: "Que espectáculo", "Ai meu Deus", "Sim senhor!!", "Aleluia" ou ainda, (e esta foi a de ontem: "Tanta saúde!". Ora, acompanhadas destas preciosidades surge sempre o inevitavel suspiro... Sim, o "Pivias" suspira, muito, e sonoramente! Murmura as palavras, mas depois suspira para toda a praceta ouvir!
Outra das graçolas do "Pívias" exige a presença de um partener, normalmente o sr. Policia, convenientemente fardado, que no exercício das suas funções se encontra na porta ao lado do Fruticarnes, a controlar a loucura do Mini Preço! E então é ver o "Pívias" a dar cotoveladas ao senhor da autoridade, como que a chama-lo à atenção para mais duas ou três meninas que se dirigem ao supermercado. Claro está que as cotoveladas do "Pívias" atingem mais ou menos a zona das coxas do sr. Policia, que, felizmente, não é anão.
E é isto. Precisava mesmo de partilhar a existência desta personagem na minha vida, cuja razão do nome atribuido me parece ser mais do que evidente, não necessitando de grande explicação da origem etimológica da palavra.
Resta-me perguntar a mim mesma qual vai ser o dia em que me vou passar e, já sabendo de antemão o momento exacto em que ele vai suspirar ou libertar algum dos seus pensamentos mais profundos, pare à frente dele, e lhe pergunte se quer ir tomar um café à pastelaria em frente... só para ver a reacção do senhor. Tinha graça, não tinha??

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

I just don't give a sh*t!


Arrogância.
Capricho.
Altivez.
Falta de humildade.
Soberba.

São algumas das características com as quais não sei lidar. Mesmo.
E até acho que sou uma pessoa paciente, tolerante, que dou bem mais do que o desconto dito "normal" em certas situações, não fervo em pouca água, não dou demasiada importância ao que acho que não tem, desvalorizo e ignoro até certo ponto.
Mas há coisas (e pessoas!) que me tiram do sério, que me fazem sentir frustrada, que me irritam solenemente, que me dão uns nervos cá dentro, e não sei bem se ria de escárnio na cara delas ou se lhes berre ferozmente!! Será assim tão difícil para algumas pessoas terem noção do quanto são ridículas, pequeninas, descontextualizadas, inconvenientes, e sobretudo pararem de ser ou de aparentar ser aquilo que tooooooda a gente à sua volta já percebeu que NÃO são??
É sempre a mesma coisa: no início esta espécie de gente dá-me pena. Pena a sério, que eu não sou daquelas pessoas que dizem"ai não digas que tens pena, que é feio, blábláblá"...eu tenho pena de muita coisa e de muita gente na vida, sim senhor. E esta é uma delas.
Dá-me pena e tento compreender, "baixa-se-me" uma qualquer influência psico-terapeuta, e sou toda ouvidos, e dou sugestões, conselhos até, tento perceber o porquê deste ou daquele comportamento mais à margem do aceitável. Tudo muito bem, que sou boa pessoa e não me custa nada ser tolerante e tentar ajudar. Mas depois abusam. Abusam e trepam. E os comportamentos abusivos continuam, e nada do que eu disse, aconselhei ou sugeri ficou naquelas cabecinhas pequeninas e deturpadas por um qualquer trauma de infância, ou simplesmente por falta de educação, de saber estar, e de sentido de oportunidade. Porque este tipo de gente, e só agora é que começo a perceber isso (burra que és, Pips!), o que quer mesmo é tempo de antena, é audiência, é ser o centro das atenções, e disparar para tudo quanto é lado, deitar tudo cá para fora, por mais ridículo que seja. Não querem ouvir, não querem perceber, nem aceitar, muito menos mudar o quer que seja nas suas vidas! Nada disso! Querem apenas continuar a ser ridículas, que é o adjectivo que melhor encontro, e por isso já aqui o repeti 3 vezes!!
E eu não sei lidar com isto. Não sei porque só me apetece atirar tudo à cara dessas mesmas pessoas, dizer-lhes todas as verdades que quem as rodeia não diz pela frente mas fala por trás, e fazê-las ver como elas realmente são, aquilo que transmitem para os outros, e que pura e simplesmente não conseguem, não querem, ou não lhes apetece admitir.
Mas não, não vou fazer nada. Porquê? Porque não me cabe a mim fazê-lo. Não sou mãe de ninguém, não tenho de dar educação nem lições de moral, nem dar sábios conselhos ou ser exemplo de vida para ninguém. Não me pagam para isso. E o mais importante: quem está do outro lado não merece. Foi uma das minhas resoluções para 2010: live and let live!
Como tal... daqui não levam feedback, não podia estar mais a borrifar para certas e determinadas questões existenciais que não me dizem respeito, e por isso não rio nem berro. Respiro fundo...bem fundo.. e viro costas. Não é nada comigo, mesmo!
Venho para o meu pc, phones postos, musiquinha boa onda e viva o Benfica!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Flower Power


Hoje uma querida amiga que está longe, muito longe, contou-me que recebeu em casa um enorme ramo de flores com um cartãozinho. Ela não estava à espera, não era nenhuma data em especial, sabia perfeitamente quem as tinha enviado mesmo antes de ler o cartão, e apesar de não ter sido a primeira vez que isto lhe acontecia, estava radiante!
Eu radiante fiquei por ela. Não consigo acreditar naquelas mulheres que dizem não gostar de receber flores. Não acho possivel, pronto! Que não gostem de todas as flores, de rosas amarelas por exemplo, (conheço um caso em particular de alergia mortal a rosas amarelas!), ainda acredito, já que eu tambem não morro de amores por cravos (nem mesmo no 25 de Abril, peço muita desculpa). Mas dizerem peremptoriamente que não gostam de receber flores, vá.. é coisa que não me cheira bem, e desconfio sempre que se calhar pode-se dar o caso de se tratar de um piquinho de nada de ressabiamento por nunca terem recebido um belo ramo de flores daquele alguém especial. Ou até mesmo uma simples flor do campo, colhida na beira da estrada (na minha terra há flores à beira das estradas, não estou propriamente a falar da CREL ou da 2ª circular), e oferecida só porque sim, porque apeteceu, porque é romântico, porque é um gesto querido, porque é impossível não roubar um sorriso ao mais gélido coração não amante de flores, quando é alguém especial que o tem para connosco.
Eu adoro receber flores. E lembro-me sempre de quem me ofereceu flores. As últimas foram-me oferecidas no aniversário, por duas grandes amigas minhas, num grande e maravilhoso ramo de estrelícias, que eu adoro, e que me deixou sem palavras! Meses antes a Fifs surpreendeu-me com uma rosa quando veio aqui ter a casa, so porque sim, e disse com o seu ar mais despachado: "Toma! Só para não dizeres que ninguém te dá flores!" (aposto que já nem se lembra disto!). E depois há as belas rosas dos Monhés, oferecidas em tantas noites de Bairro Alto e afins, que ficam no carro a murchar enquanto vamos para a disco, mas que faço sempre questão de trazer para casa, só para no dia seguinte, quando acordar, me lembrar desse episodio da noite, que é sempre um dos pontos altos, de certeza.
E também adoro oferecer flores. Adoro escolher o tipo de flor, o tipo de ramo, consoante a pessoa a quem vou oferecer. E nunca recebi um ramo assim entregue em segredo, mas já fiz essa surpresa a alguém. A um Homem, curiosamente. Há precisamente 6 anos atrás no dia de hoje. Encomendei com antecedência e mandei entregar no local, no dia e na hora exacta. Talvez naquela altura ele não tenha dado o devido valor ao gesto, tenho a certeza que não, penso que ficou mais envergonhado do que feliz. Mas ainda assim, sinto um orgulho imenso por tê-lo feito. Por naquela altura aquilo que eu sentia ser tão verdadeiro e profundo que me fez ter aquele gesto sem hesitar, sem pensar duas vezes, totalmente crente de que seria a melhor surpresa que poderia fazer. E ainda bem que o fiz. E ainda bem que hoje em dia não sinto que não o devia ter feito, mesmo que ele não o merecesse.
A última prenda que dei à minha Mãe também foram flores. Um ramo de gerberas, enorme e colorido, cada uma de sua cor forte, que fiz questão de colocar numa jarra, estrategicamente na mesinha de cabeceira, para que pudesse olhar para elas da cama. Talvez já não tivesse dado por elas, talvez não tenha tido grande impacto, nem ajudou muito no quer que fosse. Mas ainda bem que o fiz. Ainda bem que naquela tarde saí de casa, em desespero, com um buraco no lugar do coração, e o pensamento perdido no meio de nada, de propósito para ir à florista comprar aquele ramo, com aquelas flores, que eram as suas preferidas.
Há gestos que têm mais significado do que o banal, o esperado, o que muitos se dão ao luxo de dizer que não gostam, que é foleiro, que não é original. Há gestos que contam histórias de vida. Que falam de amor, de afectos. Que marcam um momento para todo o sempre, um ponto de viragem. Que mostram quem tu és. O que te vai na alma. Sem capas, sem medos, sem pensar no que o outro vai pensar de ti. E são esses gestos, com mais ou menos floreados, que valem a pena. Que contam, que realmente contam, e que fazem toda a diferença.