A única coisa que se aproveita da polémica da Chanel da Pepa é este comentário brilhante do Miguel Esteves Cardoso, que vai muito além da polémica em si:
«Infelizmente, não é aceitável justificar alguma coisa com um simples "mas pronto, ela é assim mesmo". Ser "assim" não é característica nenhuma. Ser "assim" não tem valor. Todos, de uma maneira ou de outra, somos "assim", de alguma maneira, e isso não nos define como seres humanos. Dizer que se é "assim mesmo" é o princípio para aceitar tudo, e esse é o princípio do fim. (...) Querer justificar a futilidade apenas com o simples facto de que alguém é "assim mesmo" é preocupante."»
Quem diz futilidade diz teimosia, orgulho, egoísmo, imaturidade, impulsividade, arrogância, prepotência, azedume, ressabiamento, frustração... uma série de caraterísticas negativas, vulgo defeitos, justificados com essa bela expressão que me deixa o estômago às voltas, quando me pedem para desvalorizar, desculpar, deixar passar determinados atos ou palavras (ou a ausência dos mesmos) só porque "Já sabes que é assim...".
Sei que é assim. Mas isso não justifica nada. E não tenho que aceitar, compactuar, ou deixar passar em branco, e não deixo. Não deixo mesmo. Porque também para mim esse é o princípio do fim. Aceitar coisas não me fazem sentido, que magoam, ferem, provocam desgosto ou grande desconforto, para mim, é contra-natura. É ser quem não sou. E já agora, eu não sou assim.