terça-feira, 17 de abril de 2012

Das rotinas ou da regra com exceções



Diz a Kitty Fane no seu último post:
"Não há artigo de revista ou livro sobre relacionamentos que não inclua coisas como - a rotina é o maior inimigo do casal; a rotina é o maior inimigo do amor. Mas como? O amor constrói-se de e com rotinas. São elas que lhe dão a estabilidade de que ele precisa para existir e se consolidar."


Eu estou totalmente de acordo e esforço-me, em todos os artigos que escrevo, para contrariar a ideia de que a rotina é inimiga do amor. O que destroi as relações são as escolhas que cada um faz, e a rotina que cada casal escolhe para si (ou a falta dela), faz parte dessas mesmas escolhas.

Aquilo que mais valorizo na minha relação é, sem dúvida, a estabilidade, a segurança, a tranquilidade, a consistência. E isso eu sei que só se consegue através da rotina. Só se constroi no dia a dia. Todos os dias. Com altos e baixos obviamente, como em todas as relações. Com choques de personalidade e com choques de vontades. Mas numa construção constante e diária que faz com que, quando existem esses choques, haja uma estrutura forte o suficiente que mantenha tudo o resto de pé. Para mim, rotina não é sinónimo de mais do mesmo. De algo aborrecido, de entediante, de falta de programas ou de vontade de fazer coisas diferentes. Inevitavelmente ela acaba por se instalar na vida a dois, faz parte, e é sinal de evolução. Pensar o contrário é estar a condenar a relação a um prazo de validade igual ao tempo de vida das borboletas que sentimos no estômago no início de uma relação... quando elas forem embora fica o quê?

Eu adoro a rotina que tenho enquanto casal. Adoro saber que ao fim do dia vamos para casa, fazemos o jantar juntos, jantamos e conversamos à mesa sobre o nosso dia, sem pressa, tranquilamente. Gosto das nossas rotinas porque não são obrigações, não são impostas, não existem por falta de opção ou por não querermos sair da nossa zona de conforto. Existem porque são exatamente aquilo que mais gostamos de fazer. É aí que está a diferença. Gosto dos almoços em família ao domingo, de ir ver os jogos dele ao sábado, de ficar sozinha em casa 3 serões por semana e ter tempo para as minhas próprias rotinas, de ler enquanto ele joga playstation, de devorar séries enquanto ele está no escritório, de jantar pizza e coca-cola religiosamente ao domingo à noite, no chão da sala. Gosto de desfrutar ao máximo da nossa casa, da paz e harmonia que sentimos ali, de cada espacinho que foi construído e decorado com tanta dedicação pelos dois. De adormecer agarrada a ele, sempre na mesma posição, e ser acordada sempre com aquele abraço forte que me puxa contra si. Gosto da troca de e-mails durante o dia sobre as coisas mais parvas que se possa imaginar. E gosto de quebrar todos estes rituais que me sabem tão bem com exceções, e jantar fora, ir ao cinema, dar jantares para os amigos, passar fins de semana longe de Lisboa, fazermos viagens só os dois, conhecermos sítios novos juntos. Gosto de saber que podemos criar todas as exceções que quisermos à nossa regra, mas que ela existe, é a mesma para os dois, é o que faz sentido para os dois, é o que nos faz realmente feliz aos dois. E é muito bom poder contar com ela. Provavelmente isto não funciona para todos os casais, mas sei que para mim foi essencial para encontrar a tal estabilidade e segurança que tanto valorizo. E também sei que não me imagino nesta ou em qualquer outra relação de outra maneira.

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