Daquele mesmo doce, cortado em cubinhos, fresco quase gelado, dentro de um tupperware. Misturado com bagos de uvas, pretas, igualmente doces, e se possível com poucas graínhas.
Apetece-me comer os cubinhos de melão e os bagos de uva gelados na praia.
Debaixo de um chapéu de sol amarelo, grande e que dê sombra suficiente para não ter de me encolher toda.
Debaixo do guarda sol está um saco, impecavelmente preenchido com tudo o que eu preciso para o momento. E sem um grão de areia. Nunca, jamais. O meu saco de praia não pode ter areia lá dentro. Nem a toalha ou o pareo onde me estendo. Queimo milhares de calorias só com os movimentos absurdos que faço para as afastar.
Dentro do saco estão os protetores. O melhor? O cheirinho que eles deixam: mistura de côco, com maresia, com sal. Cheiram a "praia". Ao lado dos protetores as revistas. E os óculos de sol. Não entendo aquelas pessoas que vão para a praia sem óculos de sol. Porque têm medo que se risquem com a areia, porque não querem ficar com a marca. Eu levo os meus, sempre!
Apetece-me enfiar os dedinhos dos pés na areia quente e ficar assim a mexê-los devagarinho, e sentir aquelas cóceguinhas boas por entre os dedos. Deitar-me de barriga para baixo e ouvir o barulho da bola que bate nas raquetes compassadamente. Ploc, ploc. Sempre com ânsias de que a dita me vá parar certeiramente à cabeça, porque eu atraio.
Apetece-me adormecer a ouvi esses barulhos de praia, de vozes que passam, de passos que remexem a ordem nunca estática da areia, da brisa suave e não demasiado quente, do barulho do mar.
Mais do que apanhar sol e escaldões, ficar morena para os outros verem, mostrar o meu biquini novo ou como ainda não tenho celulite nas pernas, dar mergulhos na água gélida e armar-me em forte e dizer que: " 'Tá memo boa", enquanto me reanimo discretamente com as mãos ao peito, passar horas infinitas em sacrifícios do vira e revira que nem porquinho no espeto, ou reparar neste ou naquela que passa...
Tenho saudades das coisas de que realmente gosto e sempre gostei de fazer na praia. Desde a altura em que a única coisa que me apetecia comer naqueles únicos 15 dias de praia que fazíamos por ano, eram os cubinhos de melão e as uvas geladas e doces que a minha Mãe levava num tupperware para mim.