De certeza que em algum momento da vossa vida, por algum motivo concreto ou por nada em especial, já se perguntaram: "O que é que os outros pensam de mim?".
Que imagem deixamos transparecer para aqueles que nos rodeiam?
E aquilo que nós achamos que os outros pensam de nós... será que corresponde à verdade? Ou deitamos um bocadinho de areia nos próprios olhos, e optamos por achar que aquilo que os outros vêm, é aquilo que nós gostávamos que eles vissem??
Por razões que podem ser sociologico/antropologico/culturalmente explicadas e que não vêm aqui ao caso, durante toda a minha adolescência e alguns anos da considerada já fase adulta, sempre me preocupei com aquilo que pensavam de mim. Não em demsia ou de forma excessiva, mas na dose certa perante o cenário em que estava.
Preocupava-me, e muitos dos meus comportamentos eram regrados com base não só na educação e valores que me foram transmitidos, mas em última estância, e em caso de dúvida, optar sempre pelo "socialmente correcto", pelo mais discreto possível e que não desse azo a grandes alaridos.
Curiosamente, acho que nunca deu muito resultado porque mais uma vez, por este ou outro motivo que também não é para aqui chamado, meia volta e havia algum zum zum zum com o meu nome... fosse porque fiz madeixas, porque estava magra demais, ou porque começava ou terminava algum namorico. Não esquecendo nunca que me refiro a um contexto de cidade pequena, onde toda a gente se conhece e onde as novidades são poucas, daí o simples facto de eu ter uma foto em bikini no hi5, ou até mesmo a existência deste blog, ser, eventualmente, motivo de conversa.
Sem querer perder o fio à meada, hoje dei por mim a pensar em como mudei, ao longo dos anos, do tempo, e como as vivências me moldaram e sobretudo me tornaram muito mais segura de mim mesma.
Ao entrar há 3 meses para uma empresa pela primeira vez, e conhecer pessoas novas, quase todas mais velhas, com as quais iria ter de lidar todos os dias, durante bastantes horas, conhecê-las e dar-me a conhecer por mais superficial que seja, mas que a convivência acaba por obrigar, nunca pensei nem me preocupei uma única vez com "o que é que eles iriam achar de mim?".
Percebi que só hoje, passados 3 meses, pensei realmente no assunto. Porque em 3 meses há pessoas com as quais ainda hoje não troco muito mais do que um "bom dia" quando chego, e um "até amanhã" quando saio, mas que hoje me disseram que já faço parte da mobília e que se fosse embora agora iam notar a diferença. Não estava à espera, confesso, e soube-me bem.
E pensei que em momento algum me esforcei o mínimo que fosse para que gostassem de mim. Para que me aceitassem. Para ser algo que não sou. Entrei tímida e calada, como sou sempre quando não conheço. A falar pouco e só quando necessário, como faço sempre quando não estou no meu ambiente natural. A dar-me a conhecer aos poucos e só quando me perguntavam, porque continuo a ser fiel ao meu lema de que "quem quiser saber, pergunta!". Preocupava-me que gostassem do meu trabalho, que me saísse bem e não fizesse asneira, que desse o meu melhor e que esse esforço fosse reconhecido.
Mas nunca pensei se eles me achavam xoxa, antipática, convencida, insegura, tímida, mal encarada ou se simplesmente, e porque sim, não gostassem de mim. Coisa que sei que há muito tempo me iria preocupar.
Hoje dei este conselho a alguém que conheço há pouco tempo, mas por quem já nutro um carinho especial, pelo que temos em comum, por ter sido a primeira pessoa com quem falei mais desde o início: "Sê tu própria. Não dês importância ao que não tem. Não penses demasiado nas coisas. Nem te preocupes com aquilo que os outros acham ou pensam de ti, desde que estejas com a consciência tranquila". E foi aí que percebi o quanto cresci nos últimos anos. Porque é exactamente isto que eu tenho feito, sem ter grande consciência disso, mas que me tem ajudado imenso nas coisas mais distintas que vão surgindo:
- Afastar o que não interessa;
- Valorizar tudo que há de bom que acontece e que me rodeia;
- Não querer provar nem impressionar ninguém a não ser a mim mesma;
É tão fácil, não custa nada... e não dá milhões, mas tem-me valido milhões de vitórias que só eu sei!