sábado, 9 de maio de 2009

Quality time

Não sei se já repararam, mas hoje está de chuva aqui para os lados de Lisboa.
Digo que não sei se já repararam porque eu, apesar do dilúvio que se estava a dar lá fora, quase que não dava por ele.
Porque estou sozinha em casa, dedicada a tarefas domésticas para as quais não tenho tempo nem vontade durante a semana. Porque hoje não tenho horários, obrigações ou programas. Porque estou "on my own", no meu palácio, que estava a precisar de ser mimado. Mas sobretudo porque gosto muito da minha própria companhia.
Que é coisa que me parece ser cada vez mais difícil neste mundo: saber estar sozinho.
Comer sozinho, dormir sozinho, ir à praia sozinho, chegar a casa sozinho, ao cinema, ter tempo livre e não saber muito bem o que fazer com ele, porque simplesmente o facto de estar sozinho tira qualquer vontade ou iniciativa para fazer o quer que seja.
A mim isso faz-me uma certa confusão. Não me considero "bicho do mato", mas sempre fui muito independente no que diz respeito ao meu espaço, às minhas vontades, e sobretudo sempre lidei muito bem com o silêncio e aquilo que para muitos já é considerada "solidão".
Não me assusta chegar a casa e não estar ninguém. Não me incomoda fazer as refeições sozinha ou cozinhar só para mim, não me custa nada ir ao cinema sem companhia, não me deixa angustiada passar dias seguidos em casa sem ter ninguém para falar. Óbvio que falo de situações pontuais, do dia a dia. Não é um modo de vida, não é assim que levo os meus dias, nem é isso que quero para mim. Felizmente estou rodeada de pessoas maravilhosas com as quais partilho o meu tempo e espaço e das quais sinto imensa falta quando não estão.
O que eu quero dizer é que tenho a forte sensação de que há muita gente que não gosta, nem sabe estar sozinha, porque tem medo daquilo que pode vir a descobrir sobre si mesma. Porque é quando nos temos apenas a Nós mesmos como companhia, que pensamos a fundo nos nossos problemas, nas escolhas que fazemos, naquilo que deixamos por fazer, naqueles que nesse exacto momento não estão ao nosso lado e o porquê de não estarem, nas obrigações, nas responsabilidades, nas tristezas, nos medos, nos receios... tudo o que há de mais íntimo e inconsciente sobre Nós próprios acaba por vir ao de cima quando não temos alguém à nossa frente ou ao nosso lado que nos desvie a atenção.
Acho também que é por isso que hoje em dia os casais decidem morar juntos tão depressa, e sentem tanta necessidade de perceber desde muito cedo como é partilhar o espaço e ter o outro como companhia. Para além da paixão, do amor, da vontade pura de estar com aquela pessoa o máximo tempo possível, existe uma necessidade de perceber desde logo como é quando tivermos de partilhar o mesmo espaço todos os dias, over and over again. Até porque se a coisa correr mal, que se descubra o quanto antes! Vai cada um para o seu lado e vamos lá ver se da próxima corre melhor, porque também pesa muito ter alguém com quem dividir a renda no fim do mês, ter quem aqueça os pezinhos nos meses frios e acompanhe nas idas à praia quando o calor apertar.
Se estou a exagerar? Talvez sim. Mas é o que eu vejo à minha volta, perdoem-me.
E agora vou só ali fazer um bolinho que me está mesmo apetecer, para beber com chá quentinho mais logo, enquanto vejo um belo filme no conforto do meu lar... all by myself!

4 comentários:

Daisy Maria disse...

está tão fofinho :) [e eu que não suporto a palavra fofinho]

Maga disse...

Estranhamente sempre me habituei a estar rodeada de gente e estar mto pouco tempo sozinha... até pq não me agradava a ideia de estar sozinha!
De repente, dou por mim com imensa vontade de aprender a fazer coisas sozinha... a querer ir à praia sozinha, ir às compras sozinha, ir ao ginásio sozinha... estar em casa umas horas sozinha a fazer aquilo que me apetece...

Maga disse...

ahhh... gosto do vosso blog! :)

Lança disse...

Sei bem o que isso é...