domingo, 15 de junho de 2014

O poder do umbigo

"Umbigo". Curioso como foi esta a palavra-chave que escolhi há 7 anos para dar nome a este blogue, por me querer focar apenas e só em mim, neste espaço. Acabou por ser também uma espécie de antevisão daquilo que ao longo do tempo mais tenho aprendido sobre o ser humano. Seres egoístas, egocêntricos, virados para o próprio mundo de uma forma que cega, faz acreditar piamente numa realidade que se escolhe ver, e que, tantas vezes, é tão diferente daquela que o resto do mundo de facto vê. Estou a divagar, quando no fundo aquilo que me apetece dizer é tão simples quanto isto: ando farta de gente que se move apenas pela força gravitacional do próprio umbigo. Farta de arranjar desculpas e justificações para o que não merece, nem tem, de ser justificado. Cada um é como é. Ponto. E se for egoísta, se só pensar em si, se não conseguir ficar genuinamente feliz pelo outro, não conseguir sair do seu "imenso" (na verdade tão pequenino...) mundo, se não consegue dar mais do que dá, fazer mais do que faz, estar ou mostrar-se mais presente ou disponível do que tem feito... então essa é uma questão que essa alma tem de resolver (se sequer se aperceber, e assim o quiser). Não eu. Nos últimos meses, que têm passado a voar, embora a felicidade seja mais do que me muita, nem tudo têm sido rosas na minha vida. Tenho problemas, como qualquer outra pessoa, tenho momentos menos bons, tenho pessoas de quem gosto muito a passar por momentos verdadeiramente dolorosos e tento estar o máximo presente para elas, divido a sua tristeza como divido a alegria, não fujo, vou gerindo, sem me esquecer da minha própria alegria nem da minha própria tristeza. Flash news: dá para conciliar! Tenho dias em que agradeço profundamente tudo de bom que tenho na minha vida, e tenho outros em que só consigo ver o que corre menos bem, o que me falta, o que me deixa ansiosa, desmotivada, apreensiva, e acima de tudo desiludida. E, estupidamente, tenho deixado quase sempre que a desilusão leve a melhor perante a felicidade por ter saúde, ir casar com o Homem que amo, ter a família e amigos reunidos nesse dia, por ser o início de uma fase tão importante da minha vida. Deixo que as falhas dos outros falem mais alto, tomem mais importância, mais valor, do que as minhas conquistas, as minhas alegrias, o alívio que sinto por saber que, felizmente, eu não sou assim. Há uns dias atrás tive um desses momentos, levado ao expoente máximo, onde consegui juntar tudo o que me aborrece, deixa triste, angustiada, irritada, com raiva, frustrada (trabalho, amizades, saudades da minha mãe... tudo junto numa espécie de furacão!)... e quando dei por mim estava a exteriorizar tudo, numa crise de ansiedade. Quem sofre deste mal sabe o quão angustiante se pode tornar, e o tempo que leva até estabilizar. Felizmente, no meio da crise, de qualquer crise, tenho sempre os meus portos de abrigo, que não me falham, e que mais uma vez estiveram lá para mim. Quando finalmente o furacão passou, prometi a mim mesma: "Foi a última vez que deixei que algo ou alguém me perturbe desta forma. Não vou permitir que aquilo que eu não controlo me controle a mim, ao meu estado de espírito, à minha energia e bem-estar." Não sou melhor do que ninguém, mas dou por mim a pensar que a falta de noção que algumas pessoas têm sobre si mesmas e a forma como estão na vida, se reflete em mim em dobro, ou triplo, por elas. E por isso mesmo me custa tanto aceitar determinados comportamentos. Me custa tanto desvalorizar, ficar indiferente ou não me deixar afetar. Mas uma coisa é certa: se o umbigo dessas pessoas tem assim tanto poder que não as permite levantar a cabeça, olhar em volta e fazer um exercício sobre aquilo que têm feito ou deixado de fazer, o meu também terá o mesmo poder em fazer com que me foque única e exclusivamente nele, pelo menos neste momento tão importante, tão único, tão meu... (vou repetir para ver me convenço) tão MEU!

2 comentários:

i. disse...

Adorei este texto. Tens razão, é um momento teu, e de muitas coisas boas :) E vais partilhá-lo com as pessoas que te valorizam e que querem o melhor para ti. Até mesmo com a tua mãe, que - apesar de ser um cliché - de certeza que está mega feliz por ti. Percebo que sintas o sentimento dos outros.. No entanto, não deves ligar a pessoas que só querem saber do seu próprio umbigo! Sim, é importante termos momentos em que nos pomos em primeiro lugar, mas só se isso não incluir ser ocos de cabeça e rebaixar os outros.. Bem, agora sou eu que estou a divagar xD Enfim, aproveita esta época maravilhosa da tua vida :)

Anónimo disse...

Por isso é que tenho cada vez menos pessoas na minha vida...Dá valor a quem te quer bem,esquece o resto.Vive tudo intensamente,vais viver um dia maravilhoso!É normal que estejas stressada mas vai correr tudo bem.Beijinhos,Sandra