Não vinha ao blogue há quase 5 meses. Fartei-me. Do meu e dos outros. A blogosfera é um espaço que cada vez menos frequento. Espreito, pelos ossos do ofício, quando me dizem "já viste o post que X escreveu sobre Y?", ou por gostar e conhecer pessoalmente quem está por trás de 4 ou 5 blogues nacionais e saber o trabalho e dedicação que depositam em cada post. Não me identifico com este novo conceito do "toda a gente tem alguma coisa a dizer seja sobre o que for", e "toda a gente tem um blogue para receber mimos das marcas", e "toda a gente é stylist, makeup artist e anda com um fotógrafo atrás para mostrarem as fotos do look do dia e dos locais trendy que frequentam." Não critico, é um género, mas não é o meu. E como quando criei este espacinho, há sete anos e meio atrás, estava longe de imaginar no que isto se ia tornar, senti que deixou de ser a minha praia e de me fazer sentido.
Não estou a ser totalmente sincera. Na verdade, também a necessidade de escrever e partilhar aquilo que me ia na alma começou a ser cada vez menor. Nunca escrevi para que me lessem, para ter comentários, seguidores ou visualizações. Se de alguma forma aquilo que eu escrevia tocava em alguém, melhor, era um bónus, era fantástico saber que acrescentei alguma coisa a quem me lia. Mas nunca o fiz com essa pretensão. Sempre escrevi para mim. Num ato assumido de egocentrismo (daí o nome do blogue), e de pura descarga emocional, para me compreender melhor, para me expressar melhor, para conseguir encaixar as peças que não me faziam sentido na oralidade. Depois de escritas e lidas por mim, as palavras passavam a fazer sentido. Este blogue foi a minha grande companhia na altura mais difícil da minha vida. Foi a minha terapia. A minha metamorfose e ferramenta essencial para me "despir" de tudo o que conhecia até então, reconstruir e aceitar quem era, com todos os meus defeitos e fragilidades que aqui, conseguia assumir. Hoje mesmo, ao regressar a este espaço, a primeira coisa que fiz foi voltar atrás. Procurar posts que escrevi há 4 ou 5 anos. Procurar a pessoa que era então. E poder encontrar essa pessoa, através das minhas palavras, é, à falta de melhor palavra, priceless. Não há presentes, mimos, vouchers, parcerias, comentários, visualizações ou publicidade que o paguem. Foram muitas as vezes em que, por sentir que já não me apetecia escrever, por achar que não tinha nada a acrescentar, por não saber se fazia sentido continuar na mesma linha de partilha, achei que devia simplesmente terminar com o blogue. Mas acabei sempre por deixá-lo estar, como uma casa abandonada, repleta de memórias que sabem bem ser relembradas quando volto a este cantinho.
Vou tentar voltar mais vezes. Vou tentar abstrair da "selva" que este universo se tornou e escrever pelo prazer. Pela simples vontade de. Porque entre a pessoa que fui durante todo o tempo em que escrevi assiduamente e a que hoje sou há um "vazio" que ficou aqui por preencher. Porque daqui a 7 anos quero olhar para trás e ler nas minhas palavras quem era e de como era a minha vida em fevereiro de 2015.
3 comentários:
:)
Este texto quase me fez chorar, porque é como se fosse meu. Fui tendo inúmeros blogues, mas às vezes vou àqueles que estão só para mim fazer o mesmo.. E vou sempre ler este cantinho :) Pela pessoa que eras e pela que és agora.
Que boa notícia! Gosto tanto, mas tanto de ter ler por isso mesmo! Nem imaginas como em determinados momentos os teus post me ajudaram, me deram força! Continua por cá, fazes falta.
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