sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pontas soltas

Que há tanto eu tentava cortar. Que, por soltas, saíam do novelo da minha vida, que nunca primou pela perfeição nem pela forma homogénea que os novelos supõem ter. De soltas e rebeldes acabavam por se prender a outrém, a outros, a coisas, que vou arrastando como uma bagagem pesada da qual não me conseguia/queria livrar.
Caprichos dos quais não se abre mão. Escolhas que revelam ser más. Adiamentos de decisões inadiáveis mas que apenas porque sim levam o tempo que têm que levar até ao dia "D". Mudanças.
São as desilusões, são as lembranças do bom e do mau, a insustentabilidade do momento que se vive, a falta de forças para continuar a arrastar uma bagagem que já não é nossa e que nos atrasa cada vez mais. São balanços de vida que de repente se fazem cujo somatório é igual à certeza do que é necessário mudar.
Custa-me mudar. Tanto me sufoca a rotina e a estagnação, como me assusta a mudança por mais esperada e necessária que ela seja. Talvez por ser radical, talvez porque mudança invariavelmente para mim signifique corte com o que já foi, e nunca prolongamento do passado. Quando mudo re-começo. Sem amarras, sem pontas soltas.
Dou por mim a cortar todas as pontas que destoavam do novelo que eu quero certinho, por agora, da minha vida.
E se antes pensava tanta vez no que eu tinha a perder...agora só consigo pensar no que tenho a ganhar. Que é tanto e bom e saudável e libertador.

5 comentários:

O Arrumadinho disse...

É bom pensar que existiram pontas soltas. E que agora cabe-nos fazer tudo para que as coisas andem certinhas. Eu gosto de coisas certinhas.

Raquel A. disse...

Acho que todos temos necessidade e medo das mudanças pq elas significam algo desconhecido e que assusta..

BJS*

Ritititz disse...

Arrumadinho: fazes, portanto, jus ao nome! :)

Miss Kitty: mudar é um mal necessário. No meu caso está a ser um "bem abençoado"!

kel disse...

Como eu disse há uns tempos (em http://kelcorreia.blogspot.com/2008/10/mudanas.html) "...A mudança, mais que boa, é necessária. É com ela que aprendemos a andar, a falar, a escrever, a ler, que crescemos e fazemos escolhas. E cada escolha é, necessariamente, uma mudança, embora nem sempre tenhamos consciência disso..."

Sempre existirão pontas soltas, ou pontas que se vão soltando mas, de vez enquando, é preciso arrumar novelos e agulhas para que o tricô saia bem ;)

Beijocas grandes*

Anónimo disse...

Se alguma coisa se te opõe e te fere, deixa crescer. É sinal que estás a ganhar raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio.

Antoine de Saint-Exupéry