sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Francisquinhos cheios de graça!!

De há uns tempos para cá, e também devido às sessões intermináveis de psicanálise com a Fifs, onde analisamos detalhadamente as esquizofrenias uma da outra, tenho-me apercebido de certas características minhas que antes simplesmente nem sabia que existiam.
Uma delas é a capacidade que tenho de me abstrair de tudo aquilo que não me interessa, e por isso me passa ao lado. Outra, o grande incómodo que me causa assistir a cenas ou situações onde vejo o total oposto, ou seja, pessoas que simplesmente rodam a baiana a bom rodar, esteja quem estiver, porque sim e porque não.
Não me acho "Panhonha". Nada mesmo. E até sou daquelas alminhas a fugir assim pr'ó nervosinho e com pouca paciência quando estou com a macaca do avesso. Mas normalmente, e porque assim fui educada (e bem, a meu ver!), tenho uma margem de tolerância bastante flexível, que me permite abstrair de coisas que, e mais uma vez a meu ver, são insignificantes e simplesmente não me dizem respeito!
Passo a citar: "Chicos-espertos" não me tiram do sério. Ignoro-os ou então rio-me na cara deles; Não me passo nem refilo se uma alminha me passar à frente numa fila. Uma alminha, atenção..não são 10!; Não respondo mal, nem de maneira seca ou sarcástica à empregada do "Vitaminas" que me serve com umas trombas maiores que as do Dumbo. Ela está ali para pôr os ingredientes no prato, não para ser a Miss Simpatia da zona da restauração! Por isso se usar luvinhas e touca e os ingredientes estiverem em condição...está óptimo!; Digo sempre Bom Dia ou Boa tarde ou Boa Noite quando me cruzo com os vizinhos, mesmo que eles não façam o mesmo; Se vir alguém deitar lixo para o chão ou cuspir, ou a fumar em sítios onde não é suposto, penso: "Porcos!" Mas não vou ter com a pessoa, nem a chamo à atenção para a sua falta de civismo ou de educação. Não sou Mãe delas nem me pagam para andar a educar adultos de 40 anos que toda a vida foram porcos e estão-se bem a borrifar para a minha indignação; Não me incomoda que pessoas que não me conheçam me tratem por Tu. Sejam mais velhos ou mais novos. Eu não o faço, mas não é coisa que me tire do sério;
E depois o reverso da medalha: fico muito, mas mesmo muito incomodada quando vejo alguém a subir o tom de voz, a falar com arrogância, com agressividade ou sarcasmo. Uma coisa é fazer uma reclamação ou chamar à atenção dentro dos padrões de diálogo normal. Isso também eu o faço, e ninguém à minha volta chega sequer a perceber que eu estou a "refilar". Outra coisa é simplesmente não conseguir ficar calado, e ter que opinar, reclamar, chamar à atenção por tudo e por nada e uns quantos décibeis acima da média.
Fico com vontade de me enfiar num buraco. Cenas de fila de supermercado (como hoje mais uma vez assisti e que deu azo a este post), filas de trânsito, chicos-espertos em geral e de pessoas que se acham ainda mais espertas do que os Chiquinhos e por isso lhes cabe a digna tarefa de fazer julgamento em praça pública, e daí monta-se um belo de um circo do qual eu não compactuo.
Isto porque, e os Alfacinhas que me perdoem, mas eu venho da Serra e com todos os defeitos e brutidão, e rudez, e falta de instrução (que não é o mesmo que educação), de que o interior ainda padece, eu assisto diariamente a cenas em Lisboa que nunca em toda a vida assisti no interior. E acho mesmo que o Alfacinha tem uma alma bairrista, com genes generalistas entre o taxista e o treinador de bancada, que adora mandar umas bocarras pr'o ar, e que tem a mania que sabe sempre mais do que o vizinho do lado.
E eu, serrana a viver em Lisboa há uns bons aninhos, continuo a pensar cá para os meus botões que nem toda a gente teve a mesma educação do que eu. Nem toda a gente tem as mesmas noções de civismo (ou sequer ideia do que isso é, quanto mais pô-lo em prática). E que, com as tristes figuras e comportamentos menos correctos e reprovadores dos outros, posso eu bem! Como tal, discordem de mim à vontade, chamem-me panhonha, sangue de barata, otária...passa-me tudo ao lado. E que bem que eu vivo com isso...

2 comentários:

Fifs disse...

Você não é panhonha. Você é tão só e apenas o meu ponto de equilíbrio... Ora perdoem-me mas realmente eu sou tudo aquilo que faz a Pips querer meter-se num buraco. Não sou bairrista nem me ponho aos gritos nem faço cenas... Mas ficar calada também não fico, embora deteste cenas de peixeirada que nunca as fiz. Já quando chego a casa a conversa é outra. E o mal é todo meu, sou eu que me enervo, sou eu que fico a borbulhar são eles que se ficam a rir. Mas há coisas na Humanidade que pura e simplesmente, como Humana me ultrapassam e como tal não consigo ser mais tolerante porque todos nós mal ou bem pensamos e como tal não se estende roupa a pingar nem se sacode migalhas da toalha quando se vê a cabeça da vizinha lá em baixo a apanhar com elas...

kel disse...

Mostrar discordância e fazer peixeirada são coisas mt diferentes... Tb eu n gosto q me passem à frente numa fila ou de levar com as migalhas da vizinha na cabeça... Mas é possível dizer as coisas sem fazer "basqueiro"!

Na minha opinião, o principal problema q enfrentamos nos dias de hoje é a falta (inexistência mesmo) de cívismo. As pessoas não o têm e não respeitam o próximo - ponto final parágrafo! E daqui descambam todas as outras reacções exageradas, despropositadas e injustificaveis, é certo... Mas não haja dúvida q cada vez é mais dificil andar por aí sem sermos, contantemente "vitimas" do mau feitio e intolerância alheios, o q também n me parece mt correcto.