quarta-feira, 12 de agosto de 2009

To Blog or not to Blog

Perguntava-me a Neferet no post anterior porque não escrevia aqui tudo o que quero e me apetece. Que devia fazê-lo, já que o blog é meu, e depois aceitar as consequências e não me preocupar com o que os outros pensam de mim.
Pergunta essa que me fez também lembrar de uma conversa que tive há tempos com um grupo de pessoas com opiniões bastante divergentes sobre o uso que se dá aos blogues, ou melhor, o que leva uma pessoa a criar e manter um blog.
Ora, respondendo à Neferet, e repetindo o mesmo discurso que fiz aquando dessa conversa, eu não escrevo tudo o que penso e quero aqui no blog pela mesma razão que não digo tudo o que penso na minha vida "normal", chamemos-lhe assim. No trabalho, com os amigos, com a família, no plano social, por maior que seja a intimidade, ou à vontade, nunca ninguém diz TUDO o que realmente pensa. E ainda bem que assim é. Ainda bem que há algo chamado bom senso, que dependendo da criatura existe em maior ou menor abundância, e nos permite ter o descernimento de guardar para os nossos botões muita informação que veícula no pensamento. Nessa mesma conversa, eu defendia que quem cria um blog em primeira estância é movido por uma só razão: quer ser lido ou visto, o que na minha perspectiva é o mesmo que querer ter alguma atenção. Por mais que se fale na "troca e partilha de experiências, banalidades, coisas do dia a dia de maior ou menor importância", ninguém escreve para si só, usando um blog como veículo. Quem escreve só para si fá-lo num diário, em post-its que cola à testa se lhe apetecer, lembretes no telemovel. Quem escreve num blog, escreve para ser lido por outrém... seja "ele" quem for. Quem escreve num blog espera um feedback. Mesmo que não seja sobre a forma de comentário, elogio ou crítica. Mas conforta-se com o facto de saber que é lido... e isso é por si só uma forma de feedback.
Falava-se em solidão, em poucos amigos, em subtrefúgio para dizer aquilo que não se tem coragem de dizer cara a cara, mandar recadinhos, enfim... Isso eu já não sei. Não gosto de generalizar e acredito que haja vida social activa e saudável atrás de grande parte dos autores de blogs.
Voltando à minha querida Neferet, outra das razões pelas quais não escrevo tudo o que penso é simplesmente porque apesar de assinar como Pips, nunca me escondi atrás do anonimato, nem utilizei este blog para mandar recados para ninguém. Quem me conhece pessoalmente, sabe que este blog é meu. E quem me vem cá ler espera saber novidades da Rita, não da Pips. Não escrevo tudo o que me apetece porque ao fazê-lo aqui, não há filtro que separe quem me apetece que saiba certas coisas da minha vida, e quem não me apetece. Bem como não vou prá baixa com um megafone dizer que me nasceu uma borbulha no nariz, e que o meu pseudo-não-existente namorado me ofereceu flores. Se aquilo que os outros pensam de mim importa? Importa, claro que sim. E quem disser o contrário provavelmente é quem mais se esconde e fecha em copas com medo que a sua vida seja invadida por comentários ou indescrições alheias. Mas não escrevo tudo o que me apetece não tanto pelos outros mas sobretudo por mim. Porque toda a gente tem direito a ter os seus segredos, que partilho contigo numa conversa de msn, em trocas de sms, num testamento de e-mail. Porque ainda que separadas por um pc, eu sei que és Tu que está do outro lado... não uma blogosfera de perfeitos desconhecidos.

4 comentários:

M disse...

Pois que eu gosto mesmo é de vir aqui ver "as paranoias" da pips e não as da Rita. E, as vezes, não fosse a diferença da cor da escrita, nem m lembrava quem é que tá a escrever

The Love Coach disse...

Viva Rita Pips :)

O teu post é muito consciente. Muita gente arroga e defende uma postura de "eu sou igual aqui e em qualquer lado", assim como "não me importa o que os outros pensam ou dizem de mim".

Claro que importa, claro que não somos iguais.

Mas o motivo porque vim comentar-te foi porque ao ler-te me lembrei de um comic que aborda esta questão noutra dimensão, que talvez te seja útil.

Será que importa assim tanto acondicionares o teu ser ao ego dos que te rodeiam, lêem e respondem?

Quando passamos a vida a ajustar-nos a uma família, a pais, a irmãos, a primos, a avós, depois a colegas, a professores, a amigos, a namorados, e a toda a vida em Si... é fácil esquecer que há uma essência imutável perdida na floresta que é cada um de nós.

A meu ver, ainda que não demonstremos como realmente somos é importante não nos perdermos de nós mesmos, ou se já perdemos, voltar a descobrirmo-nos.

Assim, aqui te deixo um comic que recomendo, para sentir: http://xkcd.com/137/


Um abraço,


The Love Coach

Neferet disse...

Não precisas de te justificar a mim,para mim é igual que escrevas sobre batatas ou sobre namoros ou sobre seja o que for.Venho a este blog porque gosto da tua escrita e porque me distrai positivamente.
Para saber como estás pergunto-te,não preciso de descobrir pelo blog e usá-lo em conversas de café.
E acima de tudo o que me interessa é que estejas bem e feliz.

Ritititz disse...

Neferet, não me justifiquei a ti. O teu comentário apenas me deu tema para outro post sobre o porquê de não escrever tudo o que me vai na alma... Beijos, amora!