segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ou como a mousse... ou o puré


Todas já passámos por isto. Todas já sentimos o mesmo: depois de recuperarmos de um desgosto de amor; depois de cicatrizadas todas as feridas; depois de choradas todas as lágrimas e de a raiva dar lugar a uma tranquilidade e paz interior; depois de vivida uma bela dose de solteirice aguda, com tudo a que temos direito nessa fase; depois de odiarmos todos os Homens à face da terra e de dizermos que são todos iguais e que não valem nada; depois de percebermos que as Amigas são o melhor do mundo; depois de redefinirmos as nossas prioridades e nos pormos a nós próprias no topo das mesmas, seguidas da parte profissional, da amizade e de pormos o sexo masculino bem lá no fundinho.
Depois de tudo isto, chega um dia, um belo dia, em que gostávamos que aparecesse alguém, do nada, que preenchesse aquele vazio no coração que não mata mas mói. O mesmo vazio que se sente no sofá, na cadeira ao lado do cinema, na mesa, do outro lado do telemóvel, num sorriso cúmplice, na cama.
E todas achamos que esse alguém não vai chegar. Olhamos à volta e desanimamos. Só vemos cromos, bonecos, personagens retiradas de um filme de ficção científica, e que nos dá vontade de bradar aos céus: "Mas quem é este Pokémon???"
Achamos que estamos condenadas ao fracasso nesse campo. Que em tudo o resto até nos safamos bem e que damos a volta, mas isto não depende só de nós. Não acontece por magia, não conseguimos controlar nem mandar no coração. Não é instantâneo. Mas devia ser. Era tão mais fácil, poupava-nos tanta arrelia, energia, e sobretudo tempo. Aquele que parece passar depressa demais mas outras vezes tão devagar... tudo porque a solidão bate, porque temos medo de ficar sozinhas, mas mais do que isso, medo de não viver aquele Amor, aquela Paixão, todas aquelas coisas a que nós Mulheres temos direito e sem as quais nada parece fazer sentido.
De facto não é instantâneo, não acertamos à primeira, batemos com a cabeça na parede e damos tiros nos pés. Mas quando acontece (porque vai acontecer embora achemos sempre que não), percebemos que tal como nas fotos, as mais bonitas são aquelas tiradas com o click certo, que esperam pela luz certa, pelo ângulo certo, pelas cores certas, aquelas que demoram a ser reveladas, num estúdio à moda antiga. Tal como na mousse, ou no puré, não há nada como a receita caseira, com os ingredientes caseiros, aqueles que dão trabalho e que vamos provando enquanto fazemos até chegar ao ponto certo.

E enquanto esse dia não chega... as Amigas continuam a ser o melhor do mundo :)

3 comentários:

Poetic Girl disse...

Por aqui também se espera por esse dia, que certamente já não será em 2010... vamos esperar que 2011 seja bem mais generoso! bjs

Ritititz disse...

Poetic Girl: o dia há-de chegar, chega sempre, quando menos se espera, quando deixa de se esperar, quando já nem nos lembramos que estávamos à espera! E 2011 vai ser generoso, sim!! Beijinhos!! :)

M. disse...

O que CUSTA realmente não é a ausencia de "alguem" mas sim a falta de preenchimento, de sentir amor...
O PERIGO é esquecermo-nos de como é bom amar e sermos amadas no mesmo tempo real; de como nos faz sentir taaaao mais "iluminadas"...
O MEDO é deixar de ter esperança, de simplesmente nos deixarmos moldar pela vida...
É claro que não nos lembramos desta nossa "condição" todos os dias na nossa vidinha mas quando nos assombra a nuvem negra temos as amigas...que sao a MELHOR coisa do mundo!!!! :)