quinta-feira, 11 de março de 2010

"O casamento é como o cheque; já não se usa"


É esta a frase que uma cidadã (expressão que adoptei do sr. Vitor de Sousa) que eu tenho no meu msn apresenta, seguida de um "Ahahahahah" de ironia e sarcasmo.
E eu, que não falo com a dita cidadã há pelo menos 2 anos, (nem sei porque é que continua no meu msn), mas que em tempos estive a par das aventuras e desventuras da sua vida amorosa (sendo que as desventuras ganhavam em larga maioria), dei por mim a pensar na bela da frase e na quantidade de pessoas que hoje em dia falam do Casamento com o mesmo escárnio e mal dizer.
Ora a minha visão sobre o casamento tem tido altos e baixos ao longo dos anos. E quando digo Casamento, falo na instituição em si, no compromisso, na consciência total e absoluta do passo a que se propõe dar, e não da festa, do "sermos felizes para sempre", da lua de mel, de ostentar as alianças e do encher o peito para dizer que agora sou casado e já não posso fazer, dizer ou pensar em X. Mas apesar desses altos e baixos, houve algo que sempre se manteve: sonho em casar-me, em encontrar "aquela" pessoa especial, e com ela construir um futuro a dois, que se multiplique por mais dois, por aqueles que a vida nos trouxer.
Mas o sonho, o de menina, o que todas as meninas têm (o que não quer dizer que todas as Mulheres o tenham), não voa mais alto do que a parte racional, aquela que pondera tudo, que analisa, que se preocupa com os pormenores de que quem apenas sonha em casar se preocupa. Por ser filha de pais divorciados, por ter ficado desde muito cedo a apoiar a minha mãe no crescimento e educação de dois irmãos mais novos e pequeninos, por ver o esforço que ela fez para que eles nunca sentissem o peso do divórcio nas nossas vidas, as ausências e as falhas de quem na altura não esteve e falhou, a força infinita para sozinha nos dar o amor, carinho, atenção, compreensão, acompanhamento que devia ser divido por dois... por saber o quanto foi dificil para ela ter ficado sozinha, sem o homem que tinha escolhido para ser feliz para sempre, com quem tinha tantos planos de futuro a longo prazo, que sempre amou até ao fim dos dias... por saber tanto de tanta coisa... o Casamento assusta-me.
Mas sei que me quero casar, com "aquela" pessoa. Aquela com quem quero fazer os mesmos planos e sonhos e contruir uma vida a dois, tal como a minha Mãe fez, mesmo sabendo que há o risco de poder acabar, mas sempre com a certeza de que vou fazer de tudo, por ser "aquela" pessoa, para que não acabe nunca. E sempre com a certeza de que, por ser "aquela" pessoa, ela vai fazer o mesmo por mim.
Não acredito na frase "estou sozinha por opção". Acho que ninguém está sozinho por opção. Acho que se fazem opções, e se escolhe não namorar, não sair, não casar, não juntar (seja o que for), com aquela ou outra pessoa, por não ser a pessoa certa. Mas se aparecer a pessoa certa, ninguém escolhe ficar sozinho! Tal como me faz confusão pessoas como esta cidadã, que por estarem amarguradas com a vida, com o amor que não lhes bate à porta, com o medo de que um pedido de casamento não chegue nunca, preferem desdenhar do mesmo, e ainda fazer bandeira disso!!
Acredito mesmo que o que move tanta gente é apenas e só isso: o medo de, no fim do dia, saberem que não são elas que querem estar sozinhas, mas que não há ninguém que queira realmente estar com elas, partilhar a vida com elas, construir algo com elas.
E logo hoje que fui depositar um cheque tão importante na minha conta, quando li a frase soltei uma gargalhada e pensei que não é bem assim... que os cheques ainda se usam e há quem lhes dê muito, mas muito valor. Bem como ao Casamento. Usa-se, vai usar-se sempre, e tenho a certeza de que enquanto duas pessoas gostarem a sério uma da outra, vai fazer sempre todo o sentido, e sem dúvida ser a melhor das opções.

10 comentários:

Laetitia disse...

Esta é uma questão delicada, mas posso dizer-te que apesar de sonhar com aquela pessoa, com a vida a dois, com a construcção de um futuro pautado pelo nós, continuo a não acreditar no casamento. Sou adepta das uniões de facto, e sou daquelas que vê no casamento aquilo que realmente é: uma convenção, um negócio jurídico. Não sou menos crente no amor por isso. Não tenho medo de me comprometer. Só não acho que amor para ser amor precise de uma materialização, precise de uma garantia,de certo modo de um certificado de posse.
Respeito quem quer assinar o papel, quem se sente mais seguro por isso, mas é uma falácia pensar-se que o amor casado vale mais que o amor unido. Não vale. Se as duas pessoas quiserem uma vida juntas, um futuro juntas, podem ser felizes de ambas as formas. A felicidade não está condicionada por um contrato legal.
De todo o modo concordo contigo em que as pessoas não estão sozinhas por opção. Não na medida em que se encontrassem "a" pessoa ficariam com ela. Ainda assim há circunstâncias da vida que nos fazem escolher entre "aquela" pessoa e uma carreira ou outro tipo de coisas, e aí sim poderemos fazer a opçao de ficarmos sozinhos. Depende das prioridades de cada um, no fundo.
Agora pessoalmente acho mais digno ficar-se sozinho por não ter encontrado a alma gémea, do que casar só para não ficar sozinho.:)
Mua

Ritititz disse...

Laetitia, concordo a 100% com o teu comentário, com a tua forma de pensar. Também eu sou, acima de tudo, crente no Amor. A forma como ele se "materializa" ou não, acaba por ser indiferente. E não, o amor casado não tem valor acrescido sobre o valor unido, de forma nenhuma. Mas é aí que entra (e ainda bem porque é sinal de que não o perdi!) o meu lado romântico e sonhador que sempre tive... e por isso dou por mim a achar que gostava de fazer a tal festa, com o vestido, padrinhos e madrinhas, menina das alianças, flores e bolas de sabão, e poucos (mas bons!) amigos. Mas isso sou eu, e daí ter feito questão de mencionar que há Mulheres que não têm o mesmo sonho, o que não quer dizer que não acreditem no Amor.
A parte do estar sozinho então, faço das tuas as minhas palavras e foram muitos os textos em que abordei aqui essa questão: "acho mais digno ficar-se sozinho por não ter encontrado a alma gémea, do que casar só para não ficar sozinho". É muitissimo mais digno, mas o que mais se vê por aí são "ajuntamentos" para fugir à solidão!!
Volta sempre, obrigada pelo comentário! :)

Madame Butterfly disse...

Pois que não concordo contigo. Nem em relação ao casamento, nem em relação ao facto de achares que não existem pessoas que estão sozinhas por opção. Não sou casada porque não quero e porque não acredito na instituição. Talvez por lidar todos os dias com demasiados divórcios, talvez por conhecer demasiados casamentos de perfeição meramente aparente. Ossos do ofício. Mas a verdade é que o "papel" não passa disso mesmo e não torna mais verdadeiros os sentimentos das pessoas.

Quanto às pessoas que estão sozinhas por opção, conheço algumas- Como escrevi há alguns dias num post, não acredito em fórmulas de felicidade universais. E se a maioria das pessoas busca pela pessoa ideal, outras tem outros objectivos diferentes mas não menos importantes.

Não é o meu caso, leia-se. Mas conheço pessoas assim. E sei que são felizes à sua maneira.

Rita P Faleiro disse...

Adorei o teu post.

Muitas meninas sonham com o casamento quando são pequeninas, e acredito que muitas mulheres continuam a sonhar com ele. Por vezes, sonham tanto e durante tantos anos que começam a acreditar que ele nunca vai chegar - e aí entra o "já não se usa". Não me orgulho disso, mas eu própria já tive alturas em que pensava assim.

Também sou filha de pais divorciados, e sempre vi as dificuldades da minha mãe em criar-me sozinha, tanto mais que os meus avós morreram muito novos e a minha mãe ficou sem ninguém para a ajudar comigo.

No entanto, o casamento nunca me assustou, talvez pelo facto de anos mais tarde ela ter encontrado a pessoa certa e ter voltado a casar.

Eu já encontrei "aquela pessoa", e casaremos no próximo ano. Não posso deixar de concordar contigo quando dizes que o casamento é muito mais que duas alianças na mão ou arroz atirado à saída da Igreja ou a festa. É uma decisão de fidelidade, é o sentirmos que aquela pessoa é a certa para nós.

Se é possível o mesmo sem a palavra casamento? Juntando apenas duas pessoas numa casa?

Sem dúvida que sim.

Para mim não o seria, por causa da minha fé e da minha religião (e já sei que agora me vão cair em cima hehehe), mas tenho consciência que há muita gente que pensa que esse passo, esse acto oficial, é obsoleto, bastando "juntar-se" (aspas aqui sem qualquer significado pejorativo, é importante referir isso).

Seja como for, não concordo com o que essa cidadã diz, que não se usa.

Usar-se-á sempre, desde que haja 2 pessoas com vontade de o fazer acontecer.

Desculpa o comentário tão longo...

Beijinhos
Rita

Ritititz disse...

Madame Butterfly, que bom que é ter quem discorde de vez em quando! :)
Se bem que no fundo talvez não discordemos tanto assim! Como esrevi no post, a minha visão do assunto tem altos e baixos, e se desde pequena sonho com o vestido de princesa, outros momentos já tive em que pensar em casar, fosse pela igreja, pelo civil, na capelinha do Elvis em Las Vegas, assinar um papel para vincular uma união, só me dava vontade de rir. Por isso a ver vamos o que a vida me traz! :)
A parte do estar sozinha por opção.. aí talvez me tenha explicado mal. Obviamente que a busca pela pessoa ideal não é a prioridade nr 1 de muita gente (minha inclusive, que nunca foi, e estar sozinha nunca me afligiu nem me fez infeliz).. O que me custa é ouvir pessoas como a dita cidadã, que eu sei que são carentes e dariam tudo para estar com alguém que gostasse delas a sério, viver uma relação equilibrada e saudável, mas como isso ainda não aconteceu, defendem o seu estado de solidão (e aqui é solidão e não estar "solteiro"), como se fosse uma bandeira, um orgulho, só para não dar parte fraca, e dizerem que assim é que estão bem e que os outros, os "ajuntados", são ridículos e estão fora de moda! Este tipo de pessoa não está sozinha por opção, definitivamente. Está sozinha por falta de opção!

Poetic Girl disse...

Gostei muito do teu post. E realmente é mesmo como dizes que eu estou sózinha não por opção mas porque ainda não apareceu o tal, nem tão pouco sei se algum dia vai aparecer. Também eu sonhava com esse dia, o do casamento, agora já não lhe dou tanta importância assim, bastava-me alguém que gostasse mesmo de mim... bjs

Ritititz disse...

Rita: Muiiiiiitas felicidades para o teu casamento, e ainda bem que te juntas a mim no clube dos "filhos de pais divorciados, não traumatizados com o Casamento"!!

Poetic Girl: Lá está, acima de tudo, ser crente no Amor! O resto..logo se vê! E cá entre nós... não deixes de acreditar! ;)

M de mim disse...

Todos precisamos de um “Happy Ending”, todos o procuramos, todos o desejamos…
Acredito que existam pessoas que optem por estar sozinhas, por ser a única forma de conseguirem estar perante a vida…
Acredito que existam pessoas que sonham, idealizam e fantasiam todos os dias com o casamento…
Acredito que existam pessoas que preferem “montar” o maior Conto de Fadas para não terem que enfrentar todos os dias a realidade: de que estão sozinhas, não por opção mas por falta dela, e que por isso mesmo são infelizes, frustradas, amaldiçoando aqueles que têm a sorte e a felicidade de poderem partilhar com “aquele” que amam todos os momentos da vida…
Acredito que existam pessoas que apenas têm medo de nunca virem a encontrar “a tal” pessoa…porque não é fácil encontrar a alma gémea, e que acabam por negar a si mesmas esse desejo, esse sonho mais profundo…
Acredito que existam pessoas tão magoadas pela vida que simplesmente acabaram por perder as esperanças de voltarem a amar…
O que não acredito é que seja assim tão fácil desvendar o que cada um leva dentro de si…
Nunca fui de sonhar com o Dia C mas nos últimos anos tenho-me deparado com esse desejo, talvez porque tenha descoberto o que era amar, que é difícil permanecer longe quando queremos tanto estar perto…talvez porque tenha crescido, amadurecido ao longo da vida… talvez por os objectivos antigos terem sido substituídos por outros… talvez por ter necessidade de crer que existe algo tão poderoso como o amor e a união entre duas pessoas… Seja qual for a razão que me tenha mudado, o importante é saber lidar com o que possa vir ou não vir…
Por ser uma mulher tão independente e segura de mim mesma, desde sempre, estar sozinha não me mete medo e não preciso de falsas palavras para esconder o que vai cá dentro…
Pessoas, como a dita cidadã, têm claramente muita coisa por resolver… Não é fácil ser-se verdadeiro!!!

Raquel C. Macias disse...

O casamento, como tudo nas nossas vidas, é aquilo que nós fazemos dele, a dois ;)

Beijoooooo no coração*

Kikas disse...

olha Pips, também sou filha de pais divorciados e um dos meus maiores sonhos é casar. eu acredito no amor, acredito nas relações. estou consciente que há altos e baixos, sei disso. mas também acho que quando duas pessoas se amam e querem ficar juntas, fazem o que estiver ao seu alcance para que dê certo :)