quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Questões gramaticais


Porque não há mal que dure sempre, nem bem que seja eterno...quando é que se sabe com toda a certeza e segurança, sem vacilos nem hesitações, que é tempo de pôr um ponto final?

Seja no que for, seja em quem for, seja onde for. Será que alguma vez se tem mesmo a certeza de que acabou? Será que se consegue terminar algo (seja o que for, repito) sem deixar espaços nem aberturas para nem mais uma vírgula, um silêncio que acaba por preencher esse espaço. Acabar e pronto?

Porque a vida é feita de ciclos, de etapas, de fases. Porque no fundo nada acaba mesmo, apenas muda de forma, de conteúdo, de lugar, de postura, de espaço e tempo. Então é mesmo necessário marcar com pontos finais o que antes nos causou dias de exclamação e noites de reticências mal dormidas?

E logo Eu, a personificação de enumerações, de estórias vividas e acumuladas, de metáforas pouco implícitas e pleunasmos que conto vezes sem conta. Relembro e felizmente sorrio sempre com carinho, sem mágoa, nem rancor cada uma delas. E acredito que isto só é possível quando não há cortes incisivos e totais com o até há pouco presente, agora passado. Mas também tenho momentos em que sinto que fui golpeada por um desses cortes quase fatais do destino. E sinto que me obrigaram a virar a página antes do tempo...mais, virar a página antes de eu ter acabado de ler tudo o que nela estava escrito.

Tenho de começar a escrever uma nova página. E não sei por onde começar...e tenho medo que seja porque ainda não mudei de parágrafo. Tem sido longo, pesado, cinzento e carregado de eufemismos e antíteses de me fazer perder o norte. E eu quero uma nova página escrita a gosto, com vontade, com garra, com sede de neologismos, calões e novos acordos ortográficos!

Mas ainda não percebi se ponho ou não um ponto final. Se aceito por terminado um capítulo cujo fim foi escrito pela sua própria mão. Ou se deixo em aberto, com três pequenos pontinhos, sem necessidade de acrescentar nem adornar com recursos estilísticos, nem emendas lexicais.

Sem ironias nem sarcasmos, queria tanto que um ponto tivesse a capacidade de fazer com que tudo o que a ele se segue fosse novo e leve...mas já diz Djavan: "Mais fácil aprender japonês em Braile!"

1 comentário:

Anónimo disse...

Porque não deixas de tentar controlar isso e não te deixas simplesmente levar na corrente?
O destino (exista ou não) vai acabar por te dar uma resposta e um dia acordas e sabes que é o dia do ponto final.
Beijinhos