Em 2004 fui no último dia. Em 2006 fui no primeiro. Este ano decidi não ir.
Porquê? Porque o cartaz é pobrezinho, porque já não é novidade para mim, porque o bilhete continua excessivamente caro comparativamente ao cartaz e qualidade de serviços prestados, e porque me recuso (este ano, visto que já dei a minha parte nos outros dois), a juntar à massa de tugas otários que ainda acreditam que os 53 euros que ali gastam por dia, é, de facto, "Por um Mundo Melhor".
Só se esse mundo for em Jacarépaguá, ou em Itapuã de Perequeté. Porque assim de repente não estou bem a ver em que é que o mundo português foi beneficiado com os milhões que já deu, e continua a dar a ganhar a uma organização brasileira que sabe mais a dormir do que nós todos acordados!
Entretanto, não vi os concertos em directo na Sic Radical, mas fiz questão de me informar do balanço do primeiro dia de Rock na Bela Vista. Diz que encheu. Diz que eram 90.000 e que a culpa era, em grande parte da Amy, que deixou até à última (literalmente) a dúvida se daria o ar de sua graça ou nem por isso. Mas fosse, como fosse, os 53 euros das 90.000 cabecinhas tugas já faziam Rehab no bolso dos brazucas!!
A crítica, do DN e do Público (não estou a falar de opiniões de fãs ou anti-fãs da moça) dizem que: "No lugar da Amy Winehouse de pelo na venta, surgiu uma criatura trôpega, que não conseguia cantar, tocar guitarra, nem fazer-se compreender. Disfuncional no seu vestido, que puxava para cima como num tique de timidez, trazia a mão envolta em ligaduras, escoriações no pescoço, o penteado do costume e o eyeliner a acentuar um olhar perdido no infinito. A banda num esforço contínuo para a elevar sem a abafar – e ela ali, frágil, à espera de uma brisa mais forte que a partisse mais depressa que o copo de vinho que segurava. Do vozeirão – essa qualidade que torna tudo o resto permitido – só se ouviu um sopro. Foi triste vê-la assim. Foi triste perceber que as palmas que recebia eram mais palminhas nas costas. É triste pensar que esta pode ter sido a primeira e última oportunidade de ver em Portugal esta mulher que diz não ter vergonha de cair."
Bom, e eu pergunto a quem foi: "Então e valeu a pena ir, ainda assim?"
E tenho a certeza ABSOLUTA que não há quem diga que não. Que estão arrependidos ou que choraram as suas poupanças. Porquê? Porque dos 90.000, 5 devem ter ido movidos pela camisa verde alface do Paulo Gonzo, e pelo karaoke dos "Jardins Proibidos". 20.000 são fãs verdadeiros e incondicionais de Ivete Sangalo, essa sim, já deu provas em duas edições de Rock in Rio e concertos por todo o país, não desilude, não fica aquém das expectativas, para quem gosta do tipo de música, e mesmo para quem não liga absolutamente nenhuma. É uma presença merecedora de todas as atenções e elogios, e entristece-me que o coração de papel com o nome "Blake" que a Amy usou no cabelo tenha tido maior visibilidade do que o fantástico espectáculo que Ivete proporcionou. Outros 20.000 pelo Lenny Kravitz, o único representante do estilo rock num festival que se intitula como tal, e que igualmente encheu de orgulho os seus fãs pelo espectáculo que deu. E depois, temos esses mesmos 45.000 mais outro tanto que foram para ver a Amy fazer figuras tristes!
Alguém esperava que ela aparecesse no horário previsto de actuação como as outras bandas? Alguém contava que o alinhamento previamente definido fosse seguido? Alguém contava com uma figura saudável e bem disposta, já nem digo tanto...apenas sóbria?! Óbvio que não! E óbvio que os corações apertados dos fãs que ainda torciam para que tudo corresse pelo menos mal, não se comparava à dimensão dos que (conhecendo apenas a parte do "No, no, no" de uma única música da jovem), torciam para que a Amy não desse sequer um pio de tão offline do planeta terra como costuma estar, caísse redondinha no chão e quiçá mostrasse a falta de underwear, com sorte puxava de alguma linha de coca como já se viu em vídeos do youtube, chorasse baba e ranho pelo seu Blake, soltasse a ligadura e mostrasse um pulsinho aberto a jorrar sangue, qual filme de terror caseiro de baixo orçamento.
Por isso fico feliz por quem foi e abriu cordões à bolsa e se aguentou firme e hirto para ver a Amy até ao fim, sem saber muito bem se rir ou chorar, porque como muitos dizem "até dá dó ver a moça naquele estado"....pois é coitadinha! A mim não me dá grande dó, porque assim como assim o cachet milionário que deve ter vindo cá ganhar, parecendo que não, deve dar para ela não passar fome nem frio este mês....pobrezinha...!
3 comentários:
Ofereceram-me o bilhete e eu rejeitei. :D
Bom saber que não estou sozinha nesta luta! Obrigada, camarada Osga!!
Sorry to disapoint you mas eu queria ir primeiro porque nunca fui ao R&R (calhava sempre em plenos exames...) , queria ir pular com a Ivete e ouvir o meu baby Lenny e OUVIR a Amy... Tal como a oulo aqui no meu rico pc =)
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