terça-feira, 29 de abril de 2008

Síndrome da Pedra

No mundo das metáforas no qual gosto de me deslocar, encontrei mais uma que se encaixa à medida do que tenho observado.
Para mim tem sido flagrante um novo tipo de Síndrome, ainda desconhecido nas àreas da sociologia, psicologia, antropologia, e diria mesmo...psiquiatria!
O "Síndrome da Pedra". É uma patalogia, mais ou menos grave, dependendo de cada caso, e da influência que o mesmo tem nos actos, palavras, posturas, e falta delas no dia a dia do comum dos mortais. É complexo e divide-se em várias categorias, escolhendo o ponto fraco de cada um para se manifestar precisamente através dele.
Deste modo, encontramos dentro do Síndrome, a categoria de:
-Pedra Preciosa: diamantes, rubis, esmeraldas, safiras e ametistas, é como se sentem os visados por esta categoria. O seu brilho ofusca os demais, e basta serem como são, na qualidade de "preciosas" para não terem de se esforçar para demonstrar qualquer outro tipo de qualidade ou valor. Apresentam-se sempre impecavelmente polidas por fora e mesmo que ainda sejam "diamante em bruto"...repito...muito bruto, para elas, continuam a ser preciosas e ai de quem lhes aponte um defeito que seja, uma imperfeição ou falha. Jamais admitem, permanecem intocáveis e indiferentes, mas por dentro, na solidão das redomas onde se recolhem ao fim do dia, esforçam-se ao máximo para surgirem ainda mais impecáveis na sua próxima aparição;
-Pedra da Calçada: Escorregadias, insinuosas, muitas vezes constituem um obstáculo, um contratempo. Quem padece deste síndrome, normalmente nem chega a aperceber-se disso. Quem sofre com as consequências do mesmo são aqueles que o rodeiam, que têm de andar sempre com os olhos bem abertos, à cautela, e à espera de que a qualquer momento surja uma qualquer investida, aparentemente inofensiva e cheia de manobras de distracção (investidas do tipo "Calçada à Portuguesa"), onde nos distraímos pela grandiosidade das boas intenções e gestos de rara beleza, para logo a seguir derraparmos e estarmos sujeitos a um grande trambolhão!;
- Pedra nos rins: (com todo o respeito por quem sofre da doença, não esquecer de que se trata de uma metáfora!) Esta adequa-se ao tipo hipocondríaco ao nível emocional, que todos os dias acorda com uma maleita nova, ou uma história inédita e surreal. Carência e falta de atenção são as principais causas para o desenvolvimento desta categoria, que depois se manifesta sintomaticamente e por fases, e só acalma quando sentem que têm o palco e todas as luzes viradas para si, até conseguirem expulsar a dita pedra que os consome! Conselho: beber muita água!;
-Pedra no Coração: também pode ser "pedra no lugar do coração". Frias, insensíveis, calculistas, materialistas, fúteis e vazias. Quase sempre mal-amadas, ressabiadas e a sofrerem de um despeito que lhes faz esquecer uma série de valores e de bom senso essencial ao bem estar na vida com o mundo e com os outros. Resultado: totalmente insuportáveis e como é óbvio ninguém lhes pega! É um ciclo vicioso;
- Pedra filosofal: Os eternos utópicos, que não conseguem viver o presente na sua totalidade porque estão sempre muito concentrados em atingir um objectivo de perfeição, de transformação num estado superior, de se distinguirem do comum dos mortais, quem sabe, alcançando não o Elixir da Vida Eterna, mas neste caso o Elixir da Estupidez Eterna. Ser sonhador e romântico é bom, mas desejar e ostentar o que ainda não se tem e se encontra a anos-luz da nossa existência, sem a modéstia e a humildade de valorizar aquilo que já se tem...para mim é estupidez;
Agora digam lá se ao lerem não se identificaram ou encontraram uma ou duas personagens do vosso dia a dia que padecem do dito síndroma???

8 comentários:

Osga disse...

No trabalho tenho de tudo!É a pedreira completa!

Anónimo disse...

Ja apanhei muitos exemplares das varias categorias mas nao tenho por habito guardar nenhum.
Beijinhos

Anónimo disse...

Boa analogia, Gostei!
E que me tens a dizer de PEDRA NO SAPATO? Familiaziro-me com ela mas nao a consigo descalçar, dás-me uma ajuda?

Ritititz disse...

"Dedo no puré", eu sabia que me tinha faltado uma pedra! E é mesmo essa: a Pedra no Sapato...tão comum, tão perceptível e tão difícil de ultrapassar.
Acho que dessa todos nós padecemos um pouco: todos carregamos, de uma forma ou de outra, algo do nosso passado, alguém, uma história, uma dor, uma frustração, uma derrota, que nos marca de tal maneira que mesmo com o passar do tempo, de maior maturidade, da capacidade para avançar e não ficarmos presos ao passado, continua a condicionar a nossa maneira de ser e estar na vida e com os outros.
Podem ser pequenos "fantasmas", podem ser medos e fobias, até traumas e padrões que repetimos inconscientemente. E que tentamos afastar, pôr de lado, sacudir e seguir em frente...mas que a pedrinha vai estar lá sempre...isso vai.

Anónimo disse...

Pois é, fico contente por te ter ajudado a descobrir a pedra que te faltava.
Penso que tens toda a razão no que dizes. Sem dúvida, nunca desaparece, mas talvez com o uso do Sapato a consiga perder! Era um sapato que gostava, mas que somente há pouco tempo revelou ser falsificado (ou então a pedra veio modificá-lo de vez), desiludindo-me e até mesmo, perder o grande lugar que ocupava no meu guarda-fatos! É duro quando descobrimos que aquele SAPATO, afinal não é tão verdadeiro como julgamos ser. Aliás, como é possivel uma pedra conseguir transformar tanto um sapato?
Enfim, espero um dia conseguir levar o Sapato ao sapateiro e que ele ainda tenha conserto, mas com o tamanho da Pedra que anda por lá, temo que o Buraco seja demasiado grande e que nunca mais volte a ser um dos meus melhores Sapatos!
Continua a escrever, tens futuro, gosto do que leio!

Micaela Neves disse...

Concordo com o dedo no puré, assim que li senti logo a falta da pedra no sapato.
Não contrariando as outras pedras e nunca lhes dando menos importância, eu gosto mesmo é da pedra da calçada. Não é que me identifique com ela, nada disso, mas é que na minha colecção de pedras, e já tenho algumas, gosto especialmente das pedras da calçada. Gosto quando alguém vai viajar que me traga uma pedra da calçada do sítio onde esteve. É especial!

Anónimo disse...

Gostei de saber de todas as sindromes publicadas. E aquela outra que se manifesta na panturrilha não permitindo nem mesmo agulhas serem injetadas?

Ritititz disse...

Antes de mais é com alguma vaidade que vejo que há quem ainda venha ao "arquivo" deste blog ler e comentar posts tão antigos! Obrigada pela atenção!!
Depois, esse é um síndrome que não me tinha de todo ocorrido. Não sendo totalmente desproprositado, na medida em que provavelmente é o sonho de quase todas nós, meninas, exibirmos pernas maravilhosas, providas de gémeos rijos e tonificados. Trabalho para isso todos os dias...muito salto alto e subir e descer escadas o mais que posso!
Era a esse síndrome que se referia, caro Anónimo?
Vamos assumir que sim.
É que a hipótese de eu ser uma pedra na vida de um Gémeos também não é de descartar. Mas isso são só meras especulações..