sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Freud que há em mim


(A propósito do post anterior...)

Toda a gente tem objectivos, traça metas, tem sonhos que quer alcançar ao longo da vida. Mais ou menos distantes, mais ou menos realistas, há coisas pelas quais simplesmente não queremos passar ao lado.
Durante algum tempo eu não tive nada disso. Perdi-me algures entre o dever, o querer, o imposto e o mais fácil. Devia ter seguido um rumo, mas quis seguir outro, foram-me impostas situações das quais não me consegui desviar, e fiz o mais fácil, não desviei.
Durante esse tempo senti que o tempo deixou de existir. Parecia que passava tão devagar, tão igual, todos os dias igual, que não dei por ele passar. Agora olho para trás e custa-me acreditar o quão depressa ele passou! E foi durante esse tempo que todos os rascunhos de sonhos e objectivos que eu tinha, se começaram a apagar, a perder, a ficar cada vez mais longe e difíceis de alcançar. Faltava-me algo, sempre. A vontade, a coragem, a força, a determinação, a ambição, a segurança, a fé em mim mesma. E como me faltava isso tudo, deixava-me estar, mais um pouco, e não fazia nada, não atingia nada do que queria, não arriscava, mesmo que aquilo que eu mais queria estivesse ali, ao lado, pronto para mim. Mas eu não estava pronta para ele.
Depois veio outra imposição. A tristeza, a dor, a mágoa, a saudade, a revolta, a angústia, o sofrimento. Não podia avançar assim. Não estava pronta para lutar pelo que fosse nesse estado. Nem por mim... E deixei-me estar, outra vez, só mais um pouco.
Hoje tenho objectivos, tracei metas, tenho sonhos que quero alcançar ao longo da vida. E alguns quero alcançar já. Começar já, para serem a base, os alicerces de todos os outros que vão surgir depois. Voltei a encontrar o fio à meada. Voltei a encontrar-Me. Na verdade não foi difícil, estava lá.. no mesmo sítio onde sempre fiquei, quieta, à espera que passasse. E passou... felizmente, passou!
Hoje ando a par e passo com o tempo. No mesmo compasso. Sem atrasos nem pressas. Sem esperar nem fazer esperar. Pontual como sempre sou. Hoje sei o que quero, por onde começar e onde buscar as forças, a vontade, a ambição, a determinação, a segurança, e a fé em mim mesma. Sei o porquê de querer tanto agora. E sei que é pelo motivo certo. Sei que estou feliz e não tenho vergonha, nem medo, nem me sinto culpada por estar, por admitir que estou, de facto, feliz!
E hoje sei que estou muito perto de tomar uma decisão muito importante para mim, que no fundo se resume a isto: Mesmo com todos os obstáculos e contrariedades que vão surgir, mesmo carregando este sentimento de que estou atrasada, é agora que vou comprometer-me comigo mesma e honrar esse compromisso?
Ou simplesmente, mais uma vez, igual a tantas outras, desisto, porque sim?
Já estou acordada. E já decidi.

1 comentário:

Miss G. disse...

É agora sim. Porque agoora faz todo o sentido. E gosto de pensar que também contribuí um bocadinho para que apanhasses o compasso do tempo. Mesmo estando eu também tão perdida. Vou andar em silêncio uns dias porque fiquei sem computador. Beijinhos